Bolsonaro é internado em hospital para realizar cirurgia de hérnia

Jair Bolsonaro (PL), deixou a Superintendência da PF em Brasília nesta quarta-feira (24), véspera de natal, e foi internado no Hospital DF Star, que fica a cerca de 5 a 7 minutos da Superintendência, para realizar uma cirurgia para hérnia inguinal bilateral.

O ex-presidente é internado após autorização do STF e do ministro Alexandre de Moraes para deixar a sede da Polícia Federal, onde está preso atualmente. Bolsonaro deixou a sede da PF por volta das 9h30, e chegou ao hospital em cerca de cinco minutos. Esta é a primeira vez em 32 dias que o mesmo deixa a prisão.

Internação e cirurgia

A cirurgia interventiva de hérnia inguinal bilateral será a oitava cirurgia de Jair. A expectativa é de que a equipe médica chegue a Brasília nesta quarta-feira (24), o procedimento cirúrgico irá ocorrer no dia do natal (25).


PF levando Jair Bolsonaro ao hospital DF Star em Brasília (Foto: Reprodução/SERGIO LIMA/Getty Images Embed )


Em entrevista à CNN, o cirurgião Cláudio Birolini e a equipe médica responsável pela cirurgia de Bolsonaro, estimam ao menos uma semana de internação após a cirurgia. O procedimento cirúrgico é considerado seguro, de baixo risco, com recuperação rápida e geralmente costuma durar cerca de três horas.

Determinações de segurança

Alexandre de Moraes detalhou as determinações de segurança e como será cada etapa da internação do ex-presidente. 

  • Estabeleceu que a transferência de Bolsonaro para o hospital deveria ocorrer sem aparição pública e de maneira discreta, com desembarque feito pelas garagens do hospital.
  • Determinou segurança e fiscalização 24 horas por dia, com no mínimo dois policiais federais posicionados na porta do quarto, contando também com equipes dentro e fora do hospital.
  • Moraes proibiu a entrada de telefones celulares, computadores e quaisquer dispositivos eletrônicos no quarto onde Bolsonaro está instalado, exceto, claro, os equipamentos médicos. 
  • O ministro autorizou que Michelle Bolsonaro (PL) acompanhe Jair Bolsonaro. Os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro também pediram para ser acompanhantes do pai, mas o pedido foi negado por Moraes. Os filhos podem recorrer a visitas mediante prévia autorização judicial.

Flávio Bolsonaro visita ex-presidente na prisão e fala sobre estado de saúde do pai

Após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, nesta terça-feira (16), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o pai está “bem, sem soluços e até mais animado”. Jair Bolsonaro segue cumprindo pena no local após condenação por tentativa de golpe de Estado.

Na segunda-feira (15), os advogados de Jair Bolsonaro solicitaram ao ministro Alexandre de Moraes autorização para a realização de uma cirurgia, após exames de ultrassonografia realizados no último domingo (14). De acordo com a defesa, o procedimento seria necessário para correção de hérnias. A declaração ocorre em meio a um pedido da defesa do ex-presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para autorização urgente de um novo procedimento cirúrgico.

Histórico de problemas de saúde

Desde o episódio da facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro enfrenta complicações recorrentes no intestino e já passou por diversos procedimentos médicos. Crises frequentes de soluço, segundo aliados, seriam uma das consequências do atentado.



Flávio Bolsonaro concede entrevista à imprensa após visitar o pai (Vídeo: reprodução/YouTube/SBT News)


De acordo com Flávio, o ex-presidente apresentou melhora nos últimos dias e demonstrou bom humor durante a visita. Apesar de afirmar que o pai apresentou melhora no quadro de saúde, Flávio Bolsonaro cobrou celeridade na autorização do procedimento e criticou o fato de pedidos médicos estarem sendo submetidos à perícia da Polícia Federal por determinação do STF.

“Ele estava bem hoje, bem humorado, bem disposto. [Estava] o Jair Bolsonaro que eu conheço, que passa tranquilidade, que mostra segurança”, disse o senador ao deixar a Superintendência da PF.

Conversa sobre o PL da Dosimetria

Durante o encontro, Flávio e Jair Bolsonaro também discutiram o Projeto de Lei da Dosimetria, que propõe a redução das penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. O senador voltou a defender a proposta e afirmou que o ex-presidente vê a iniciativa como uma forma de amenizar o sofrimento de pessoas que considera injustamente punidas.

Esta foi a primeira visita de Flávio Bolsonaro ao pai após a suspensão da Lei Magnitsky, imposta pelos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o senador, o tema não foi tratado durante a conversa. Após a visita de Flávio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também esteve na Superintendência da Polícia Federal, mas não falou com a imprensa.

Nesta quarta-feira (17), uma equipe médica da Polícia Federal realizará uma perícia em Jair Bolsonaro. O laudo servirá de base para a decisão do STF sobre a autorização, ou não, da cirurgia solicitada pela defesa.

PL da dosimetria: relator afirma que tempo de prisão de Bolsonaro pode cair

Nesta terça-feira (09), o deputado Paulinho da Força, do partido Solidariedade-SP, falou no Salão Verde da Câmara dos Deputados sobre o Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, que foi incluído na pauta para votação da Casa. O projeto propõe rever e reduzir as penas impostas aos condenados pela trama golpista e pelos atos de 8 de janeiro. O texto altera trechos da Lei de Execução Penal e do Código Penal, promovendo mudanças significativas na forma como as punições passam a ser calculadas.

O deputado Paulinho da Força afirmou que o PL considera a remição de pena, que reduz o tempo de prisão de acordo com as horas de trabalho e de estudo. Atualmente, a cada três dias de trabalho, o preso pode remir (abater) um dia da pena. Já a cada 12 horas de estudo, divididas em pelo menos três dias, também é possível reduzir um dia da pena. Durante a coletiva, o relator afirmou que o tempo de prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, em regime fechado, cairia para dois anos e quatro meses.

Projeto de Lei (PL) da Dosimetria 

O novo texto substituiu a ideia original do PL da anistia, que previa o perdão total. Com a proposta do PL da Dosimetria, a medida passa a tratar de uma revisão das penas, e não de um perdão completo pelos crimes cometidos em 8 de janeiro ou pelos condenados da trama golpista. E o principal objetivo seria realizar um novo cálculo e a modulação das penas.


Senado votando na PL da Dosemetria (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Senado)


O substitutivo apresentado pelo relator traz transformações importantes na dosimetria das penas. O texto prevê a unificação dos crimes de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, e acaba com a soma das penas desses dois crimes.

Assim, é aplicada a chamada regra do concurso formal próprio. Ou seja, de uma norma do Direito Penal que se aplica quando uma única ação gera dois ou mais crimes. Nesses casos, não ocorre a soma das penas: aplica-se somente a pena do crime mais grave, com um aumento limitado, impedindo o acúmulo de condenações.

Outras pontos do substitutivo

Outro ponto incluído no substitutivo é o artigo 359-V, que prevê a redução de um terço a dois terços da pena para crimes cometidos quando enquadrados de participação em uma multidão. Esse novo artigo pode beneficiar a maioria dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. No entanto, essa regra só se aplica aos condenados que não tenham exercido papel de liderança nem atuado no financiamento dos atos, conforme afirmou o relator do substitutivo.


Post do deputado Paulinho da Força falando sobre a PL da Dosimetria (Vídeo: reprodução/Instagram/@deputadofederalpaulinho)


Para concluir, o texto atual prevê que a pena privativa de liberdade seja executada progressivamente, com a transferência do preso para um regime menos rigoroso quando o preso tiver cumprido entre 16% e 70% do tempo de prisão. Esse percentual varia de acordo com a gravidade do crime e com a reincidência do condenado.

Já o novo texto propõe que a pena privativa de liberdade seja executada progressivamente, com a transferência para um regime menos rigoroso quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto (1/6) da pena no regime anterior e apresentar mérito que indique a progressão.

Flávio Bolsonaro confirma candidatura à Presidência e diz que decisão é definitiva

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (9) que sua pré-candidatura à Presidência da República nas eleições de 2026 é “irreversível”. A declaração foi feita após uma visita ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que segue detido na superintendência da Polícia Federal, em Brasília, após decisão judicial.

De acordo com Flávio, não há mais espaço para mudanças na estratégia política da família. “Não vamos voltar atrás”, disse o senador ao deixar o local. A afirmação vem após semanas de especulação sobre possíveis desistências condicionadas a negociações políticas, especialmente diante de pressões internas da própria base bolsonarista.

Consolidação da candidatura e aval de Jair Bolsonaro

Flávio afirmou que sua decisão está alinhada à vontade do pai, que, segundo ele, teria pedido unidade na condução do projeto político de 2026. O senador reforçou que a pré-candidatura representa a manutenção da força do bolsonarismo no cenário nacional, mesmo com Jair Bolsonaro impedido de disputar cargos eletivos e enfrentando desafios jurídicos significativos.

Nas últimas semanas, aliados chegaram a sugerir outras alternativas, como a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. No entanto, a manifestação direta de Flávio, somada ao apoio explícito do pai, coloca o senador como principal representante do grupo político no pleito do próximo ano.

Reações políticas e impacto no cenário eleitoral

A confirmação imediata de Flávio movimentou aliados e adversários. Integrantes da base conservadora passaram a defender a união em torno da sua candidatura, enquanto setores mais moderados da direita avaliam com cautela o impacto da escolha no diálogo com o centro político.


Flavio Bolsonaro diz que não vai desistir da candidatura (Foto: reprodução/X/@g1)


A oposição também reagiu: líderes partidários afirmam que a definição do nome bolsonarista antecipa debates e reposiciona a disputa presidencial, que deve ganhar intensidade já no início de 2026. Analistas apontam que a entrada de Flávio no páreo aumenta a polarização e pode influenciar tanto alianças regionais quanto estratégias de campanha das demais siglas.

Próximos passos e expectativas para a disputa de 2026

Com a candidatura definida, Flávio deverá iniciar uma agenda nacional para ampliar apoios, consolidar palanques estaduais e apresentar propostas que permitam manter coesa a base eleitoral construída pelo pai ao longo dos últimos anos.

Ao mesmo tempo, permanece a pressão sobre o desempenho econômico e político do governo federal, elemento que, segundo aliados do senador, deve ser explorado como parte central da narrativa bolsonarista. A pouco menos de um ano da eleição, o anúncio “irreversível” do senador marca um novo momento da disputa presidencial e reposiciona as forças da direita em um cenário que tende a ser altamente competitivo. 

PL suspende salário de R$ 46 mil de Bolsonaro após condenação definitiva

O PL comunicou, nesta quinta-feira (27), a suspensão imediata da remuneração e das atividades partidárias do Jair Bolsonaro, cumprindo o que prevê a legislação para filiados com direitos políticos cassados.  Até então, Bolsonaro recebia um salário bruto mensal de R$ 46.366,19 como presidente de honra da legenda, valor equivalente à remuneração de um deputado federal.  Segundo a prestação de contas do partido, o valor líquido pago era de R$ 33.873,67. 

A decisão do PL ocorre depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar o trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro no processo da chamada “trama golpista” (ação penal 2668). Com isso, a sentença, que impõe a pena de 27 anos e três meses de prisão, tornou-se definitiva e seus direitos políticos foram suspensos.

Manter o pagamento seria descumprimento da Lei

Em nota oficial, o PL declarou que, nesse contexto, manter o pagamento ao ex-presidente configuraria descumprimento da Lei 9.096/1995, que exige a imediata suspensão de funções partidárias e remuneração em caso de perda de direitos políticos. 

Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro acumulava rendimentos de diferentes fontes: além do salário pago pelo PL, ele mantinha aposentadorias referentes ao Exército e à Câmara dos Deputados. Estima-se que sua renda pública mensal, combinando salários e aposentadorias, pudesse ultrapassar os R$ 88 mil.

A suspensão não representa um “desfavor” ao ex-presidente

Para o PL, a suspensão não representa um “desfavor” ao ex-presidente, mas sim a aplicação da lei. Em comunicado, o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, disse que, se não ordenasse a interrupção dos pagamentos após o trânsito em julgado, o partido correria risco de punição judicial. “Cumpri a lei”, afirmou.


Valdemar Costa Neto confirma corte no pagamento de Bolsonaro “Cumprir a lei” (Vídeo: reprodução/Instagram/@globonews)


A suspensão das atividades partidárias e da remuneração de Bolsonaro representa um marco simbólico para o PL, que agora opta por se desvincular formalmente de seu ex-líder preso e com direitos políticos cassados. A expectativa é de que o cargo de “presidente de honra” da legenda permaneça vago enquanto durar a pena e a inelegibilidade.

PL suspende salário e funções partidárias de Bolsonaro

O Partido Liberal (PL) anunciou nesta quinta-feira (27), a suspensão da participação interna e da remuneração do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ocupava o cargo de presidente de honra da sigla. A medida ocorre após sua prisão e condenação, levando o partido a formalizar o rompimento de vínculos políticos e administrativos com o ex- mandatário.

O partido informou que a decisão passou por análise que levou em conta o impacto jurídico e político da condenação. Afiliados afirmam que a medida busca resguardar a imagem da sigla e cumprir as exigências legais após a prisão do ex-presidente. A legenda destaca que a suspensão segue o que determina a legislação diante da sentença. Com isso, todas as atividades internas exercidas por ele ficam oficialmente interrompidas.

Futuro político indefinido

O futuro político de Jair Bolsonaro segue indefinido diante da prisão, da condenação em última instância e da comunicação oficial de sua inelegibilidade ao TSE. A decisão do tribunal eleitoral de 2023 já o havia tornado impedido de disputar eleições até 2030, mas a sentença por ser líder da trama golpista abriu um novo debate sobre a duração real desse impedimento. Isso porque a legislação eleitoral permite diferentes interpretações sobre quando o prazo de inelegibilidade começa a valer, especialmente em casos de condenações graves.

Essa indefinição jurídica se soma ao impacto político causado pela condenação, que reduz a capacidade de articulação de Bolsonaro e pressiona seu grupo a reorganizar a liderança dentro da direita. Mesmo mantendo influência sobre parte de sua base, ele enfrenta um horizonte imprevisível, sem garantia de quando ou se poderá voltar a disputar eleições. Com isso, sua presença no debate público tende a permanecer restrita e dependente das decisões judiciais que ainda devem ser tomadas, reforçando a sensação de incerteza sobre seu papel no futuro político do país.


Detalhes sobre a decisão do partido (Vídeo: reprodução/ YouTube/ CNN BRASIL )


A prisão de Jair Bolsonaro

A prisão de Jair Bolsonaro, no sábado (22), acrescentou um novo capítulo à crise envolvendo o ex-presidente. A detenção foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes depois que a Polícia Federal identificou a violação das regras da prisão domiciliar, com o rompimento da tornozeleira eletrônica. A decisão considerou o risco de fuga e levou o caso ao extremo.

Desde então, o STF decidiu manter a prisão preventiva, entendendo que o descumprimento das condições impostas pela Justiça justifica a continuidade da custódia. A defesa tenta reverter o cenário, alegando motivos de saúde e pedindo o retorno ao regime domiciliar, mas o tribunal ainda não deu sinais de flexibilização. Enquanto isso, a detenção aumenta a pressão sobre aliados e intensifica a tensão em torno do futuro político e jurídico do ex-presidente.

Com o avanço dos desdobramentos judiciais e a continuidade da prisão preventiva, Jair Bolsonaro passa a enfrentar um cenário cada vez mais restrito, marcado por incertezas sobre seus próximos passos e pelo impacto político.

Sóstenes Cavalcante diz que denunciará Alexandre de Moraes em embaixada

Na última segunda-feira, dia 24 de novembro, o líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, afirmou que planeja denunciar o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em embaixadas e outras instituições internacionais. A declaração foi feita após Alexandre de Moraes pedir a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante uma entrevista para o programa Bastidores CNN, Sóstenes Cavalcante afirma que Alexandre de Moraes estaria perseguindo Jair Bolsonaro de forma política e religiosa, e planeja expor o ministro do Superior Tribunal Federal às embaixadas localizadas em Brasília.

A declaração

Sóstenes Cavalcante falou a respeito do ministro Alexandre de Moraes durante uma entrevista ao programa Bastidores CNN. Nos depoimentos, o líder do PL na Câmara dos Deputados fez críticas fortes ao ministro do Supremo Tribunal Federal. “A democracia no Brasil está em xeque com os avanços e desrespeitos constitucionais do ministro Alexandre, que, para mim, é um psicopata em alto grau”, disse Sóstenes Cavalcante.


Sóstenes Cavalcanti fala da prisão de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNN Brasil)


O político também afirmou que Alexandre de Moraes estaria perseguindo Jair Bolsonaro. Esta declaração se refere ao pedido de prisão preventiva do ex-presidente, assinado pelo ministro do STF. Sóstenes Cavalcante disse que irá expor Alexandre de Moraes, e que irá denunciá-lo em embaixadas e organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Prisão de Bolsonaro

Jair Bolsonaro estava em prisão domiciliar e usava uma tornozeleira eletrônica para que os seus movimentos fossem monitorados. Na noite da última sexta para  sábado (entre os dias 21 e 22 de novembro), a tornozeleira eletrônica de Jair Bolsonaro emitiu alertas de violação.

O ex-presidente declarou que usou um ferro de solda para abrir a caixa do equipamento. A tentativa de arrombamento e a proximidade da casa de Jair Bolsonaro com a embaixada dos Estados Unidos levantou suspeita de fuga; por este motivo, conforme o ministro Alexandre de Moraes, foi decretada a prisão preventiva do ex-presidente. 

Primeira Turma do STF mantém, por unanimidade, a prisão preventiva de Bolsonaro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, de forma unânime, manter a determinação do ministro Alexandre de Moraes que converteu a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão preventiva. O julgamento ocorreu nesta segunda-feira (24), em sessão virtual, e contou com os votos dos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, todos acompanhando integralmente o entendimento do relator.

Bolsonaro está detido desde sábado (22) em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, após a PF apontar elementos que indicariam risco de fuga e ameaças à ordem pública. A análise ocorreu no plenário virtual, sistema em que os ministros registram seus votos eletronicamente, sem a necessidade de sessão presencial.

A decisão de Moraes, ratificada pelo colegiado, foi tomada no sábado depois de a PF registrar que Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica poucas horas após seu filho, Flávio Bolsonaro, convocar uma vigília religiosa diante da residência onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar. Em paralelo, o processo referente à chamada trama golpista — no qual Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar organização criminosa que buscava desestabilizar o Estado Democrático de Direito — se aproxima da fase final de recursos.

Após a conclusão dessa etapa, a condenação se tornará definitiva, autorizando o início da execução da pena. Bolsonaro passou por audiência de custódia no domingo (23), ocasião em que afirmou que a violação do equipamento ocorreu em razão de um surto causado pela interação de medicamentos psiquiátricos. Ele negou qualquer intenção de fuga.

Os votos dos ministros e os argumentos para a manutenção da prisão

Na votação, Alexandre de Moraes sustentou que Bolsonaro violou “dolosa e conscientemente” a tornozeleira eletrônica, tornando sem efeito a medida cautelar anteriormente imposta pelo próprio STF. Em seu voto, o ministro afirmou que o ex-presidente apresentou um padrão de condutas reiteradas que demonstrariam tentativa de descumprir decisões judiciais. Moraes destacou ainda que, na audiência de custódia, Bolsonaro confessou ter inutilizado o equipamento, caracterizando falta grave e desrespeito direto às ordens da Justiça. Assim, o relator avaliou que os requisitos para prisão preventiva — preservação da ordem pública, garantia da aplicação da lei penal e prevenção de obstrução do processo — estavam plenamente presentes.



O ministro Flávio Dino acompanhou o relator e ressaltou o risco relacionado à mobilização de apoiadores do ex-presidente. Segundo ele, episódios recentes demonstram que grupos organizados e descontrolados podem promover tumultos semelhantes aos atos de 8 de janeiro de 2023, quando invasões e depredações atingiram os prédios dos Três Poderes. Dino afirmou que não se pode descartar a possibilidade de que esses grupos tentem acessar o local de custódia de Bolsonaro, colocando em perigo agentes de segurança e ampliando a ameaça à ordem pública. O ministro também observou que o ex-presidente já declarou publicamente que “jamais se submeteria à prisão”, o que reforçaria seu potencial risco de fuga e afronta ao Judiciário.

O ministro Cristiano Zanin igualmente votou pela manutenção da prisão preventiva, aderindo ao entendimento de Moraes sem acréscimos. A ministra Cármen Lúcia foi a última a votar e também acompanhou integralmente o relator, consolidando a decisão unânime da Primeira Turma.

Os fatores que levaram à prisão e o relato da defesa

A prisão preventiva foi decretada após a PF apresentar dois fatos centrais: a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica e a convocação pública para uma vigília religiosa em frente à residência do ex-presidente, o que, segundo a polícia, poderia comprometer a fiscalização da prisão domiciliar. Um vídeo divulgado pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal mostra Bolsonaro dizendo que tentou abrir o equipamento usando um ferro de solda e que a ação teria sido motivada por curiosidade. Na audiência de custódia, contudo, Bolsonaro alegou ter sofrido um surto provocado pela interação de medicações como pregabalina e sertralina, usadas em tratamentos psiquiátricos. Ele declarou não ter dormido nos dias anteriores e afirmou que não tinha qualquer intenção de fugir.

A defesa apresentou laudo médico ao Supremo e argumentou que o estado de saúde do ex-presidente justificaria uma prisão domiciliar humanitária. Os advogados sustentaram que o vídeo demonstra desorientação e fala arrastada, supostamente compatíveis com efeitos colaterais dos medicamentos, e insistiram que não houve tentativa real de romper o monitoramento. Para a defesa, os eventos da madrugada do dia 22 revelam uma condição clínica “delicada” e não um comportamento consciente de fuga ou de obstrução.

Primeiras horas de Bolsonaro em prisão preventiva

Jair Bolsonaro passou as primeiras horas sob custódia na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, em uma rotina que misturou cuidados médicos, visitas autorizadas e alimentação trazida da família. O ex-presidente recusou o cardápio padrão da carceragem e tomou, no primeiro dia, café com pão e ovo, segundo relatos de aliados e da equipe presente.

A PF realizou exame de corpo de delito na chegada e montou esquema de atendimento médico permanente, à vista da condição clinicamente frágil de Bolsonaro.

A família teve acesso controlado à unidade. Michelle Bolsonaro recebeu autorização de visita do STF em horário marcado, e auxiliares entregaram itens pessoais como escova de dente, desodorante e remédios, que foram inspecionados pela Polícia Federal antes de entrar na cela. Segundo O Globo, fontes próximas descrevem refeições “caseiras”, trazidos por auxiliares, alinhadas a orientações médicas.

A chefia da Polícia Federal, amparada pela decisão do STF, autorizou a entrada dos medicamentos de uso contínuo de Bolsonaro na superintendência e organizou um esquema de plantão médico permanente. O ex-presidente participou da audiência de custódia por videoconferência, diretamente da unidade, procedimento confirmado pela PF. Ao longo da manhã, agentes realizaram diligências internas previstas no protocolo e formalizaram, em relatório, a manutenção da prisão preventiva.

Prisão preventiva decretada

A prisão preventiva foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, após relatório do Centro de Monitoramento indicar violação da tornozeleira eletrônica. O fato configurou, na avaliação do magistrado, risco concreto de fuga, sobretudo diante da convocação pública de apoiadores para uma vigília nas imediações da residência onde Bolsonaro cumpria medidas. A íntegra da ordem de Moraes foi publicada e traz os fundamentos que embasaram a medida.

Moraes também ponderou o histórico de descumprimento de medidas cautelares e a proximidade de manifestações convocadas por aliados como elementos que aumentam o risco à ordem pública. Na decisão constam, ainda, determinações expressas sobre a preservação da dignidade do preso: sem algemas, sem exposição desnecessária e com atendimento médico integral.


Michelle Bolsonaro (Foto: reprodução/Getty Images Embed/EVARISTO SA)


Defesa de Bolsonaro nega intenção de fuga

A defesa apresentou ao juízo narrativa oposta, afirmando que a tentativa de violação da tornozeleira decorreu de um episódio de “paranoia e alucinações”, provocado por mudança na medicação para problemas crônicos (incluindo soluço persistente). Segundo advogados, Bolsonaro não teve intenção de fugir. Em depoimento, o ex-presidente relatou acreditar haver escutas no equipamento e disse ter tentado abrir o monitor com um ferro de solda – versão registrada por agências internacionais e pela imprensa brasileira.

Os advogados pedem prisão domiciliar “humanitária”, sustentando que o histórico médico do ex-presidente, como o ferimento de 2018, intercorrências cardíacas e quadro de fragilidade, exige cuidados que, segundo eles, são mais adequadamente prestados fora da carceragem da PF. O pedido está sendo analisado no âmbito do STF, enquanto a defesa tenta demonstrar que a conduta com a tornozeleira não configura tentativa deliberada de evasão.

Defesa não detalha tornozeleira violada e afirma que Bolsonaro não fugiria

Detido de forma preventiva no último sábado (22) por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em operação da Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) viu sua defesa ter de justificar por que ele teria tentado violar a tornozeleira eletrônica que usa desde julho. Bolsonaro passará por audiência de custódia neste domingo (23), ao meio-dia.

Segundo os advogados, a tentativa de violar o equipamento não é motivo suficiente para a prisão. Eles argumentam que, mesmo que a tornozeleira fosse danificada, a residência do ex-presidente é vigiada 24 horas por dia, o que impediria qualquer tentativa de fuga.

Prisão preventiva

A prisão de Jair Bolsonaro foi determinada a partir de um pedido da Polícia Federal ao Supremo, no qual os investigadores apontaram risco de fuga do ex-presidente, especialmente após a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde o pai mora. Esse entendimento foi acompanhado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação enviada ainda na madrugada de sábado.

No mandado de prisão, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu condições específicas: que o ex-chefe do Planalto, em prisão domiciliar desde 4 de agosto, não fosse exposto publicamente e que não fossem usadas algemas. Os agentes da PF seguiram essas orientações.


Advogado de Jair Bolsonaro demonstra indignação com a decisão de prisão preventiva (Vídeo: reprodução/YouTube/Itatiaia)


Em conversa com jornalistas, concedida ao deixar a sede da Superintendência da Polícia Federal, o advogado Paulo Cunha Bueno disse que o episódio da tornozeleira estaria sendo usado para “tentar justificar o injustificável”. Na visão dele, Bolsonaro não teria como deixar a própria casa sem ser visto e o dispositivo eletrônico acabou se transformando, nesse caso, em uma espécie de pena infamante, servindo apenas para expô-lo à humilhação.

Tornozeleira eletrônica

Na decisão, Moraes mencionou que Bolsonaro tentou adulterar a tornozeleira eletrônica. No início da tarde, o ministro retirou o sigilo das imagens em vídeo em que o ex-presidente admite ter usado um ferro de solda para queimar o dispositivo preso ao tornozelo.

O ex-presidente relatou a uma agente que havia usado um “ferro de solda” para tentar abrir a tornozeleira eletrônica. A conversa foi registrada em vídeo e também descrita em um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

“Meti um ferro quente aí… curiosidade”, disse Bolsonaro à servidora. Quando ela perguntou: “Que ferro foi? Ferro de passar?”, ele respondeu: “Ferro de soldar, solda”.


Bolsonaro admite ter usado um “ferro de solda” para tentar abrir a tornozeleira eletrônica (Vídeo: reprodução/X/@g1)


Segundo o documento da secretaria, o alerta de violação do equipamento foi disparado às 0h07 deste sábado, momento em que uma equipe foi imediatamente deslocada até o endereço. Inicialmente, a informação repassada à administração penitenciária era de que o ex-presidente teria batido a tornozeleira na escada. A perícia, porém, concluiu que não havia marcas de impacto ou choque em nenhuma superfície.

Bolsonaro permanece preso em um cômodo de cerca de 12 metros quadrados na Superintendência da PF, que foi recentemente adaptado para recebê-lo. O espaço conta com ar-condicionado, frigobar, cama de solteiro, televisão e banheiro privativo.