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Em um dos movimentos mais impactantes do ano no mercado global de luxo, o grupo Prada confirmou a aquisição da Versace por US$1,44 bilhões, consolidando uma transação que promete remodelar o cenário da moda internacional. O negócio, agora totalmente aprovado pelos órgãos regulatórios, encerra a gestão da marca pelo conglomerado americano Capri Holdings, que por sete anos enfrentou desafios para revitalizar a grife fundada em 1978 por Gianni Versace.
Uma mudança estratégica de peso
Para a Prada, a compra representa muito mais do que expansão: trata-se de um reposicionamento estratégico, capaz de ampliar seu portfólio e fortalecer sua presença em diferentes segmentos de luxo. A Versace, reconhecida por sua estética ousada e identidade cultural forte, chega ao grupo italiano em um momento decisivo, após uma fase prolongada de resultados aquém do esperado.
Lorenzo Bertelli (Foto: reprodução/Giuliano Berti – Bloomberg/Getty Images Embed)
Agora à frente da Versace como presidente e líder executivo, Lorenzo Bertelli afirmou que seu foco é reconduzir a grife ao seu patamar de prestígio original. Bertelli é o filho mais velho de Miuccia Prada. Ele reforçou que a label é “muito maior do que seu volume de negócios”, e que sua missão será recuperar o vigor histórico da maison.
Na área criativa, a Versace continuará sob comando de Dario Vitale, mantendo a continuidade estética da grife enquanto o novo time avançará em direção a um plano de reposicionamento comercial e estratégico. A escolha indica que a Prada pretende fortalecer a marca sem descaracterizá-la, um ponto observado com atenção pelo mercado.
Mercado observa um movimento raro entre rivais italianas
Em um setor dominado por gigantes franceses como LVMH e Kering, a união entre Prada e Versace chama atenção por reunir duas das casas italianas mais influentes da história moderna da moda. A sinergia é vista por analistas como uma rara e ousada tentativa de criar um novo polo de força dentro da indústria do luxo.
Donatella Versace parabeniza Gianni Versace e anuncia a venda da Versace à Prada (Foto: reprodução/Instagram/@donatella_versace)
O CEO da Prada, Andrea Guerra, destacou que a Versace é “incrivelmente complementar” ao grupo por falar com um público diferente. Já a Prada vem de um ciclo sólido, impulsionado especialmente pelo crescimento da Miu Miu, marca que vive um de seus melhores momentos comerciais.
Um anúncio carregado de simbolismo
A confirmação da transação ocorreu em uma data emblemática: o aniversário de 78 anos de Gianni Versace, reforçando o caráter histórico do acordo. O momento marca o início de um novo capítulo para a maison, agora sob o comando de uma das mais respeitadas famílias da moda italiana.
Na contagem regressiva para o Halloween, o terror voltou a dominar não só a tela, mas também as passarelas. Filmes do gênero sempre foram fonte fértil para estilistas: o medo, o mistério e o sobrenatural oferecem imagens fortes, noivas ensanguentadas, bandagens, silhuetas espectrais, que viram tecido, corte e ornamento. A seguir, relembre 10 coleções que beberam diretamente das telas do cinema de horror e transformaram pesadelos em moda.
O cinema de horror fornece arquétipos visuais que os designers reconfiguram para a moda. A partir da cena, do figurino icônico ou da atmosfera onírica, surgem peças que oscilam entre o grotesco e o sublime. Miuccia Prada explora deslocamentos sutis do familiar; Alexander McQueen fez do macabro uma assinatura; curadores como Maya Rijubini e espaços como a Artemis Gallery aproximam moda, arte e horror em projetos conceituais.
10 coleções inspiradas pelo cinema de horror
McQueen transformou imagens de morte e renascimento em alta-costura: silhuetas dramáticas, manipulação do corpo e adereços que remetem a filmes góticos. O resultado é uma estética onde horror e elegância coexistem. A teatralidade vinha tanto do vestuário quanto da encenação. McQueen reunia cenografia, iluminação, trilha sonora e performance para compor narrativas visuais intensas; modelos deixavam de ser apenas manequins para encarnar personagens, noivas traumáticas, sacerdotisas modernas, figuras híbridas entre homem e animal.
Coleção de outubro de Alexander McQueen (Foto: reprodução/Instagram/@alenxandermcqueen)
A proposta de Miuccia é emocionalmente complexa. Suas peças não apenas cobrem o corpo; elas o interrogam. Ao deslocar o familiar, Prada nos convida a repensar o conforto estético, revelando que a moda pode ser um dispositivo para sentir a inquietação
Coleção da Miu Miu Fall 2023 por Miuccia Prada (Vídeo: reprodução/Instagram/@miumiu)
A coleção Spring 2023 de Versace revisitou o gótico Y2K com uma paleta escura pontuada por roxos e fúcsias, correntes, couro e muito brilho. Entre as imagens mais memoráveis esteve a “goth bride”: peças que misturavam tiaras e véus com couro, studs e metal mesh, criando uma noiva subversiva. Ao mesmo tempo, glamourosa e ameaçadora, que sintetiza a mistura de diva pop e atitude rock presente na visão de Donatella.
Coleção Versace Spring 2023 (Foto: reprodução/Instagram/@nickverreos)
Rodarte tem um jeito único de transformar conto de fadas em pesadelo delicado. As rendas finas, camadas de tule e bordados minuciosos parecem saídos de um armário feminino antigo, mas algo sempre está fora do lugar: manchas quase imperceptíveis, franjas que lembram tecido rasgado e aplicações que sugerem pequenas cicatrizes.
O resultado é profundamente cinematográfico, cada vestido parece uma cena suspensa, como se tivesse acabado de interromper uma história triste. Há uma doçura artesanal ali, porém sempre atravessada por melancolia; a beleza não afasta o desconforto, pelo contrário, o faz reverberar. É essa ambivalência, ser ao mesmo tempo, frágil e inquietante, que torna o trabalho do Rodarte tão comovente e humano.
Riccardo Tisci para Givenchy consolidou um romantismo gótico onde a devoção e a transgressão se encontram. As coleções trazem rendas intrincadas, saias volumosas e texturas ricamente bordadas, mas sempre temperadas por uma sensibilidade sombria, crucifixos reinterpretados como joalheria conceitual, véus estilizados que cobrem e revelam ao mesmo tempo, e cortes que evocam hábito religioso ou traje funerário.
Tisci joga com iconografia sagrada e profana, criando figurinos que poderiam muito bem existir nas telas de um épico de terror gótico: personagens que habitam igrejas decadentes, capelas vazias e corredores iluminados por velas. O resultado é uma elegância ameaçadora, onde a estética romântica se contamina pelo mistério e pela tensão dramática.
Givenchy por Riccardo Tisci 2005-2017 (Foto: reprodução/Instagram/@fftymag)
A Maison Margiela faz da desconstrução uma linguagem quase visceral: bandagens, sobreposições e tecidos remendados que lembram curativos e pele costurada. Em vez de só mostrar técnica, as roupas parecem ter vida própria, peças desmontadas e remontadas deixam costuras, forros e camadas expostas como se revelassem a história de um corpo.
Maison Margiela Artisanal 2024 (Foto: reprodução/Instagram/@maisonmargiela)
A paleta contida e os volumes inesperados criam uma sensação de fragilidade íntima, como quem carrega cicatrizes traduzidas em tecido. Há beleza nessa imperfeição: a roupa vira uma pele alternativa que guarda memórias, feridas e resistências, e a passarela se transforma num lugar onde laboratórios, asilos e filmes sombrios encontram uma expressão humana e comovente.
Coleção O corpo como campo de batalha (Foto: reprodução/Instagram/@gastt_fashion)
Robert Wun vem trabalhando o terror como forma de storytelling visual, seja em peças couture inspiradas em noivas pós-apocalípticas, seja em coleções que empregam máscaras, maquiagem dramática e silhuetas deliberadamente corrompidas. Sua moda não busca apenas chocar, ela constrói personagens. Máscaras que ocultam expressões, tecidos manchados e cortes assimétricos compõem figuras que parecem saídas de filmes de monstros psicológicos, onde a ameaça é tanto externa quanto íntima.
Alta-costura de Robert Wun (Foto: reprodução/Instagram/@robertwun)
A teatralidade das passarelas de Wun (iluminação, styling e apresentação) reforça esse clima: cada look é um quadro que narra trauma, transformação ou sobrevivência. Assim, o horror vira linguagem narrativa, e o desfile funciona como curta-metragem de moda onde imagem, som e roupa contam uma mesma história inquietante.
Alta-costura de Robert Wun (Vídeo: reprodução/Instagram/@robertwun)
A coleção de Karl Lagerfeld para Chanel Spring 2017 transformou o Grand Palais num gigantesco “data centre”: cabos, monitores e estética high-tech serviram de cenário para looks que mesclavam o clássico tweed da maison com um humor robótico. Modelos com maquiagem metálica, elementos LED e silhuetas que lembravam androides levaram a noção de futurismo íntimo às passarelas, traduzindo a era digital numa versão luxuosa e performática da feminilidade Chanel.
Chanel Spring 2017 (Foto: reprodução/Instagram/@chanelfrenchboy)
Projetos curatoriais e colaborações entre galerias e estilistas elevam figurinos inspirados no cinema de horror a instalações, aproximando moda, performance e arte contemporânea. As colaborações também abrem espaço para experimentos técnicos e conceituais. Estilistas são convidados a pensar peça a peça como escultura, artistas visuais exploram costura, bordado e materialidade, performers habitam as roupas e prolongam sua história.
Anitta usando a marca brasileira Artemis (Foto: reprodução/Instagram/@styleofanitta)
A coleção Haute Couture outono 2007 da Dior, assinada por John Galliano, foi uma ode teatral ao universo rococó e à figura de Marie Antoinette. Apresentada com grande pompa nas celebrações do aniversário da maison, a passarela trouxe vestidos exuberantes com crinolinas e paniers exagerados, bordados barrocos, rendas, brocados e paleta de pastéis e dourados.
Haute Couture outono 2007 da Dior (Foto:reprodução/Instagram/@thefashionql)
Por que a aposta funciona
O horror traz uma iconografia imediata e emocional. Transformar sangue, sombra e cicatriz em textura, cor e volume cria peças que evocam reação (fascínio ou repulsa) e, por isso, se prestam a narrativas de marca, editoriais e performances. A moda usa o terror tanto para chocar quanto para provocar reflexão sobre corpo, identidade e tabus.
Coleções inspiradas em contos de horror (Foto: reprodução/Instagram/@karmapositivo)
Do minimalismo inquietante de Prada às encenações teatrais de McQueen, o cinema de horror provou ser uma mina estética para a moda. Neste Halloween, as passarelas e vitrines celebram essa relação: não apenas por gosto pelo macabro, mas pela capacidade do horror de revelar camadas ocultas do comportamento humano e claro, de transformar pesadelos em imagens memoráveis.
A estilista, que já é conhecida pela sua narrativa de escolher abordar os temas femininos de forma subversiva e irônica, elegeu a peça como o centro do desfile não por acaso. A italiana visou trazer reflexão sobre a peça, representando a força de trabalho feminino muitas vezes invisibilizada e qual é o papel da mulher na sociedade.
As peças
Miuccia Prada afirmou nos bastidores do desfile que a inspiração para a coleção foi o trabalho de duas fotógrafas, Dorothea Lange e Helga Paris, elas se inspiraram no trabalho feito pelas mulheres entre as décadas de 1920-1930. A estilista ainda disse ter escolhido o avental como uma crítica, representando as barreiras enfrentadas pelas mulheres.
As estampas e babados dos anos 1950-1960 também ganharam seu lugar na mesa, literalmente, algumas estampas lembram as toalhas de mesa usadas nessa época, e claro, tudo proposital.
A estilista apresenta a coleção no melhor estilo Miuccia de ser, com muita ironia e crítica social. Os aventais, segundo a própria estilista, representam, para ela, a dificuldade enfrentada pelas mulheres: “Para mim, o avental encapsula a dificuldade das nossas vidas ao longo da história, das fábricas ao lar”.
Porém, outras interpretações também surgiram. Se levarmos em conta o cenário político mundial atual, o conservadorismo tem ganhado espaço e é perceptível nos estilos de conteúdos que vêm sendo criados e que mais chamam a atenção.
O termo “Trad Wife” – em tradução livre, seria algo como “esposa tradicional” – vem sendo muito usado nas redes sociais, e serve para se referir as esposas tradicionais dos anos de 50, mulheres que ficavam em casa cuidando do lar e dos filhos, visuais que permeiam o imaginário popular e colocam a mulher como submissa.
E Miuccia Prada sabe disso, ela transforma o avental, um símbolo de submissão, em um símbolo de empoderamento feminino, fugindo do olhar masculino, que coloca a mulher como símbolo de desejo e a transforma na protagonista da própria narrativa.
Além das cores vibrantes, Miuccia Prada e Raf Simons apresentaram peças que misturavam o conceito urbano com o praiano e o esportivo com o clássico. A atmosfera criada remete a um estilo vintage da marca, mas ainda assim com um toque de modernidade e a prova disso foi a passarela laranja, remetendo a uma discoteca que busca explorar o instinto humano.
Estilo das peças
A coleção de Primavera/Verão 2026 da Prada, que foi apresentada nesta quinta-feira, 25, em Milão, trouxe consigo peças utilitárias como macacões, suspensórios, usados como um híbrido entre macacão e saia. A coleção também apresentou saias e vestidos estruturados e plissados. As luvas de cetim e couro longas foram um charme à parte que chamou a atenção do público.
A coleção, apesar de ter looks com cores vibrantes, ainda assim não deixou o preto, marrom e cinza de fora. Em alguns modelos de casacos, saias e tops, as cores neutras fizeram sua parte com excelência.
Esse estilo utilitário e sofisticado da coleção traz consigo referências dos anos 50 e futurísticas. As saias e os vestidos estruturados e os tops com cortes modernos fazem jus ao estilo Prada de ser.
Miuccia Prada é uma designer de moda italiana e também neta do fundador da grife que leva seu sobrenome. Atualmente, aos 76 anos, a estilista é a diretora criativa e principal acionista da marca.
Seu estilo de criação é constantemente descrito como “ugly chic”, termo em que foi pioneira na criação e desenvolvimento, trazendo recortes diferentes e materiais inusitados, antes considerados feios pela sociedade, e os transformando em peças desejadas. A estilista descreveu esse desfile como: “roupas que podem mudar, se transformar e se adaptar”.
Já Raf Simons, que também é diretor criativo da marca, é um designer belga de 57 anos conhecido pelo minimalismo em suas criações e isso fica evidente nessa coleção. Apesar de cores fortes e recortes diferentes, os traços minimalistas registram o estilo do designer.
Nesta trajetória singular, Miuccia Prada nunca teve a intenção de seguir os passos da família na moda. Formada em Ciências Políticas e com experiências no teatro e no cinema, ela via o universo fashion como algo superficial e incompatível com seus ideais feministas e de esquerda.
No entanto, ao assumir a Prada nos anos 1970, decidiu que, se era para entrar nesse mundo, faria isso à sua maneira: com reflexão, ousadia e propósito. Dessa maneira, ela converteu a marca familiar em um império global, unindo moda, arte e reflexão de uma maneira exclusiva.
Estética como provocação e identidade
Nos anos 1990, Miuccia lançou a “Miu Miu“, marca jovem e experimental. Foi seu auge da ousadia, dando espaço ao “feio interessante” e desafiando os padrões estabelecidos de beleza. Suas coleções misturam elementos intelectuais, políticos e culturais, criando peças que provocam, desconcertam e convidam à reflexão.
Sempre se destacou ao explorar contrastes poderosos, entre luxo e simplicidade, força e vulnerabilidade, moda e arte. Essa inquietação também se traduziu na criação da “Fondazione Prada“, em 1993, um espaço dedicado à arte contemporânea, filosofia, arquitetura e cinema — um verdadeiro laboratório de ideias, onde moda, cultura e pensamento crítico se encontram.
Miuccia Prada desfila durante o desfile da coleção outono/inverno 2025-2026 da “Miu Miu” (Foto: Reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Prada cresce, e Miuccia lidera
Em 2024, aos 76 anos, Miuccia reafirmou seu papel de liderança com decisões ousadas. Lançou a linha de cosméticos da Prada, em parceria com a “L’Oréal Luxe“, e comandou a compra histórica da “Versace” por €1,25 bilhão. O grupo registrou uma receita de €5,4 bilhões, impulsionado por um crescimento expressivo de 58% nas vendas da “Miu Miu“. Com uma fortuna estimada em US$ 5,6 bilhões, Miuccia continua à frente da direção criativa e estratégica, recusando-se a seguir fórmulas fáceis ou a ceder às tendências passageiras.
Hoje, Miuccia Prada não representa apenas uma marca de luxo. Ela representa uma maneira única, e poderosa, de pensar a moda como linguagem, atitude e transformação.
No último domingo (19), a Prada apresentou sua coleção masculina de inverno 2025 durante a Semana de Moda de Milão, trazendo uma proposta que alia nostalgia, exuberância e um olhar para o futuro. Sob a direção criativa de Miuccia Prada e Raf Simons, a marca entregou uma coleção que dialoga com os instintos humanos, explorando a proteção, desejo e memória em cada peça.
O cenário, projetado pela premiada diretora de arte Catherine Martin, criou uma atmosfera intimista e labiríntica. Andaimes metálicos, carpete azul com estampas art nouveau e uma iluminação em tons de vermelho e azul simulavam a energia das boates – espaços de troca e expressão emocional.
Prada Fall/Winter 2025-2026 Milan Men Fashion Week (Foto: reprodução/Victor Vigile/Getty Images Embed)
Homem Prada: entre o nostálgico e o futurista
A coleção revelou um homem introspectivo, mas repleto de desejos e vontade de se expressar. Ele veste baby tees florais combinadas com jeans de cintura baixa, camisas desabotoadas, coletes de pele falsa e calças encurtadas que deixam as canelas à mostra. Elementos do universo cowboy, como botas pontudas e estampas florais 70s, são reinterpretados com uma pegada urbana e descolada.
Mesmo com a mistura de referências, a alfaiataria permanece como um pilar da coleção, incorporando cortes tradicionais e detalhes inesperados, como lapelas arredondadas e broches florais. Há também espaço para peças mais pesadas, como jaquetas puffer extravagantes, doudounes envernizados e pijamas de seda.
Prada Fall/Winter 2025-2026 Milan Men Fashion Week (Foto: reprodução/Victor Vigile/Getty Images Embed)
Diálogo criativo sem limites
Segundo Raf Simons, o processo criativo por trás da coleção foi uma troca inconsciente de ideias, resultando em peças que evocam emoções e memórias. A aparência envelhecida de algumas roupas reflete o apreço por histórias vividas, enquanto as combinações inesperadas de tecidos e modelagens trazem frescor e inovação.
Miuccia Prada destacou que a coleção é um convite à interpretação pessoal, permitindo que cada espectador projete suas próprias emoções e instintos nas peças. Esse caráter misterioso reforça a proposta de uma moda conectada com o humano e suas complexidades.
Prada Fall/Winter 2025-2026 Milan Men Fashion Week (Foto: reprodução/Victor Vigile/Getty Images Embed)
Futuro com um toque de passado
A coleção masculina de inverno 2025 da Prada é um exemplo de como a moda pode ser tanto um reflexo quanto uma provocação ao que significa ser humano. Combinando o ontem, o hoje e o amanhã, Miuccia Prada e Raf Simons entregaram uma narrativa poderosa que transcende tendências e celebra a individualidade em todas as suas formas.
Mini saias, micro shorts, looks agêneros, com underwears bordadas, óculos ovais e um forte investimento em tricôs, consagraram a irmã mais nova da Prada como personagem principal dos olhares de toda cadeia industrial da moda. Miuccia Prada transcendeu a inspiração inicial de seu guarda-roupa pessoal e elevou a pequena, historicamente deixada de lado Miu Miu, para o marca de luxo com mais pesquisas no ano de 2024 – segundo o Lyst Fashion Index, de 2020 para cá, as buscas cresceram em 208% e, no início deste ano, recuperou seu título de marca mais quente do mundo.
O motivo do sucesso? A marca soube transcrever o zeitgeist de toda uma nova geração em peças que traduzem o desejo de “menos é mais”. Com uma estética de beleza peculiar, a Miu Miu construiu efetivamente, durante suas três décadas de história, a imagem de força e ternura que resume a “Garota Miu Miu”. O adjetivo virou lentamente objeto de desejo, e essa necessidade vital de entrar para tal exclusivo clube, de uma maneira ou de outra, resultou em um crescimento de 93% das vendas – aproximadamente US$ 579 milhões somente no primeiro semestre de 2024.
Em entrevista, a fundadora e entusiasta principal da marca, Miuccia Prada, afirmou que a espontaneidade vital da grife, nasce de sua própria dualidade, podendo ser ‘‘uma garota de 15 anos ou uma senhora à beira da morte”. A fórmula teve sucesso e a identificação que nasce, para muito além de um visual perfeito, se concretiza no estilo de vida das garotas amantes da Miu Miu.
História da marca
Formada como doutora em ciência política e estudando para se tornar uma mímica, a herdeira do império Prada, caminhava em direções opostas às do resto da família. Miuccia aceitou trabalhar ao lado de sua mãe, desenhando bolsas, enquanto se mantinha energética no movimento ativista de direitos das mulheres. Apenas em 1978 ela assumiu a cadeira de seu avô, Maria Prada, como designer-chefe da tradicional grife italiana.
Miuccia trabalhando na coleção de Outono 1995 da Miu Miu (Foto: reprodução/Instagram/@whatmiuccia)
Ainda com o desejo de se expressar fora dos limites clássicos da grife, Miuccia, em 1992, decidiu criar sua própria linha de peças, uma coleção que refletisse seu estilo mais casual e, ao mesmo tempo, fugisse de sua ancestralidade. Assim, em meio a franjas, pradarias e camurças, nasceu a Miu Miu – nome que deriva do apelido de infância de sua criadora.
O atrativo exclusivo
A aposta da designer deu certo e a Miu Miu chegou na década de 90 com um dos maiores nomes na indústria. Deixando de lado o maximalismo dos anos anteriores, a irmã mais nova da Prada se consagrou ao andar em conjunto com as principais it girls do momento (se é que essa denominação já existia na época), como Chloë Sevigny, Juliette Lewis e Drew Barrymore.
A estratégia deu tão certo, que a construção da “Garota Miu Miu”, até hoje, é o arquétipo que os entusiastas e a imprensa especializada se referem ao comentar sobre novos nomes que aderiram ao clube, como a modelo Bella Hadid.
Hoje, mais diversificada do que antes, ‘‘A garota Miu Miu’’ pode ser tudo: Da rapper Little Simz as atrizes Mia Goth e Cailee Spaeny, da escritora Miranda July à cantora indie Ethel Cain e a aposentada Qin Huilan, expressando cada vez mais a dualidade que Miuccia sempre desejou.
Itens que marcaram época
Ao longo dessa trajetória, a Miu Miu emplacou tendências que dominaram o que seria hit nas próximas temporadas. Desde dos mini vestidos rodados e das icônicas peep-toes que fecharam a década de 2010, até o suspiro de esperança (e uma ótima jogada de marketing) que a marca apostou para enfrentar a decaída em suas vendas, em 2021, ao lançar uma coleção baseada na moda dos anos 90 e convidar Lila Moss, filha de Kate Moss, o nome que mais representava a época, para desfilar a coleção primavera nas passarelas.
Novamente, as estratégias de Miuccia vingaram e a Miu Miu continuou trilhando um caminho de sucesso, e responsável pelo retorno de tendências como as sapatilhas, os office looks, a alfaiataria plissada e a ternura das cores bege e cinza. Tudo hit em 2023 e 2024, passou antes pelas passarelas da Miu Miu, por isso não é difícil de acreditar que esse reinado possa continuar em 2025 – assim como o aumentou de vendas no varejo em 58% em 2023.
Através das parcerias, e da conexão com a Geração Z, a Miu Miu desafiou todos os especialistas e continua em alta, contrariando a avalanche de desinteresse que as principais marcas de luxo enfrentam nos últimos anos.
Para quem é familiar com a história e carreira de Miuccia Prada sabe que a estilista, e também Doutora em Ciências Políticas, faz questão, na maioria de suas coleções, de corroborar sua juventude politizada e fashionista, principalmente quando o resultado é pensado para Miu Miu. Mas muito se engana os que pensam que a marca ainda é uma espécie de irmã caçula da tradicional Prada. Segundo sua própria fundadora – o nome Miu Miu, inclusive, provém do apelido de infância de Miuccia – a etiqueta não se resume a idade, mas sim jovialidade, e foi isso que ficou impresso na coleção primavera/verão 2025, apresentada no último dia da Semana de Moda de Paris.
Desfile coleção primavera/verão 2025 Miu Miu na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)
A garota Miu Miu cresceu, atingiu a maioridade e hoje lança tendências e questionamentos, e nesse lançamento em específico, sua diretora criativa quis investigar a percepção que a mulher tem de si mesma e encorajar os convidados a refletirem de maneira crítica sobre questões de desinformação e manipulação em um universo recheado de acesso à informação.
Conceito traduzido em roupas
O comprimento das saias alongou e a Miu Miu abandona seu mega sucesso das minis e embarca em uma nova trajetória. Juntamente, as peças de baixo ganharam protagonismo de maneira mais volumosa, apostando descaradamente no comeback do caimento balonê.
Desfile coleção primavera/verão 2025 Miu Miu na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)
O volume também fica a encargo dos plissados das saias, muito mais largos e soltos. Miuccia também decidiu apostar na volta de um velho conhecido da marca, a estética college, de forma menos habitual, com maiôs, cintos metálicos, óculos retrô – outra peça de extrema importância para o lado comercial de vendas da grife italiana – e agasalhos oversized.
Desfile coleção primavera/verão 2025 Miu Miu na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)
As estampas geométricas em parceria com a transparência, os sapatos de formato estranho ao olhos e os bordados absortos também são aspectos carimbados da Miu Miu, estando presentes, de diversas maneiras, desde da primeira coleção lançada pela marca. A temática do desfile é resumida em a “verdade” das roupas não significa nada. Em outras palavras, em Paris, elas não são usadas de maneira convencional.
Casting para além do esperado
Outro ponto alto do desfile da Miu Miu, foi a escolha de modelos. Uma boa parte do casting era formado por não-modelos. Nomes como a atriz Hilary Swank, a fashionista Alexa Chung, a rapper Little Simz e a filha de Nicole Kidman, Sunday Rose, que abriu o desfile.
Alexa Chung desfilando para coleção primavera/verão 2025 Miu Miu na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)
O renomado ator, famosos por seus inúmeros papeis incorporando vilões, estrela de obras como Pobres Criaturas (2023) e Nosferatu(2024), Willem Dafoe, que já desfilou para a Prada no inverno 2012, fechou a apresentação, chocando a muitos com sua inusitada, mas bem-vinda, presença.
Willem Dafoe desfilando para coleção primavera/verão 2025 Miu Miu na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)
Já o que a designer quis dizer com essas escolhas? Não sabemos. Mas, quem a conhece sabe: Miuccia Prada não dá ponto sem nó, às vezes a linha da costura só não é, propositalmente, visível a todos.
Nesta sexta-feira (10), a estilista italiana Miuccia Prada completou 75 anos de idade e possui feitos históricos durante a sua carreira na indústria da moda. Designer da grife Prada e fundadora da Miu Miu, Miuccia é um dos maiores nomes da moda internacional e é considerada uma mulher revolucionária.
História e carreira
Atualmente, Miuccia Prada é dona de uma das maiores grifes no mercado mundial, a Prada. Antes de ser da estilista, a marca era gerenciada por seu avô, Mario Prada, o qual não concordava que seu sucessor fosse uma mulher, já que, diferente de seus ideais, Miuccia era uma cientista política, ex-militante do Partido Comunista Italiano e uma mulher ativa na luta feminista.
Porém, as ideologias de Miuccia foram extremamente importantes na época, uma vez que ela conseguiu mudar a forma como as mulheres eram representadas e vistas no ramo da moda. Com isso, ela conseguiu mostrar ao avô que ele estava errado em não ser a favor de que ela fosse a próxima dona da Prada.
Miuccia Prada em desfile de moda de 1998 (Foto: reprodução/Catherine McGann/Getty Images Embed)
Mesmo com todas essas pautas, Miuccia não foi totalmente aplaudida pela população. Ela expandiu seu foco para bolsas e acessórios, além de propor a lona de lylon como matéria-prima da marca, assim que assumiu a posição de seu avô.
No início, essas ideias não foram bem aceitas pelo público e ela chegou a ser rebaixada profissionalmente, pois esse tipo de material era usado para fazer tendas militares. A partir de 1985, a população começou a se interessar pelos diferentes elementos da Prada, já que ela trouxe uma estética bela, feminina e sensual, um “feio chique”, em suas palavras.
Miuccia veio para a indústria da moda para revolucionar a estética da época. Tomando conta da Prada e da Miu Miu, a estilista e designer ainda causa grande impacto e será sempre memorável.
Looks marcantes
Desde o início de sua carreira na indústria da moda, Miuccia provocou questionamentos e revolucionou a maneira de se vestir. Seu primeiro desfile de apresentação da marca foi em 1988, com os icônicos looks “uniformes”.
Look “uniformes” no debut da Prada em 1988 (foto: reprodução/prada.com)Look “uniforme” no debut da Prada em 1988 (foto: reprodução/prada.com)
O debut dessa coleção intitulada como “uniformes para os ligeiramente marginalizados” ocorreu na passarela de Milão. Todos os looks possuiam tons neutros, mescladas em marrom e preto, com diferentes tipos de cortes, mas sempre fechando o corpo.
Estreia da marca Miu Miu em Nova York em 1993 (foto: reprodução/Rose Hartman/Getty Images Embed)
Em 1993, ocorreu a estreia da marca Miu Miu na passarela de Nova York, que possuia como foco o público jovem. O objetivo era produzir peças modernas e descoladas, mas ao mesmo tempo acessíveis. O nome da marca é uma homenagem à própria Miuccia Prada, já que era como a estilista era chamada carinhosamente.
Na coleção primavera-verão de 2022 da Miu Miu, a marca fez um grande sucesso com uma minissaia de apenas 20 centímetros, já que a peça permanece sendo usada por muitos.
Desfile da Prada em parceria com Raf Simons em 2021 (foto: reprodução/prada.com)Desfile da Prada em parceria com Raf Simons em 2021 (foto: reprodução/prada.com)
Depois da pandemia da Covid-19 que se alastrou ao redor do mundo, em 2021, a coleção da Prada foi desenvolvida e motiva por essa situação. Em parceria com Raf Simons, a coleção explorou aspectos tecnológicos em conjunto com a humaindade, vistos nos casacos usados como escudos, transmitindo uma sensação do “fechado”, associado ao isolamento necessário da época da pandemia.
Essa coleção trouxe à tona a maneira como a estilista sempre encontra uma forma de incluir em suas peças questões sociais na moda. Miuccia Prada usa seus looks para expressar e criticar tudo o que está acontecendo no mundo ao redor em um determinado momento.
Nesta última quarta-feira (24), foi divulgado o ranking trimestral da empresa global de moda e tecnologia “The Lyst Index”, que tem como objetivo reconhecer as marcas e produtos mais desejados e comercializados do mercado fashion.
A grife italiana Miu Miu alcançou ao pódio central em primeiro lugar. O retorno triunfal da marca da designer Miuccia Prada é explicado pelo aumento de cerca de 8% da procura de seus produtos.
Esta não é a primeira vez da Miu Miu no ranking
Vale ressaltar que a grife já foi a número um da “The Lyst” anteriormente. Em novembro de 2023, a Miu Miu foi eleita como “a marca mais quente do ano”. Na época, análises apontavam aumentos de procura em itens virais e sucesso atrelado as campanhas e desfiles sazonais estreladas por celebridades, como Gigi Hadid, Kendall Jenner e Emma Corrin.
Atriz Emma Corrin desfilando para a Miu Miu na coleção outono-inverno de 2023 (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Gamma-Rapho/Getty Images embed)
Agora em 2024, a grife chamou atenção com sua coleção outono-inverno apresentada na Paris Fashion Week, ocorrida em março. As colaborações feitas recentemente com a New Balance e Church’s também impulsionou o posicionamento da marca para víeis econômico favorável. O tênis lançado pela Miu Miu em parceria com a New Balance se tornou o produto mais desejado deste semestre.
Tênis lançado pela Miu Miu em parceria com a New Balance (Foto: reprodução/Instagram/@miumiu)
De acordo com a “The Lyst”, “a Miu Miu está superando o mercado, entregando o calor da marca e o peso cultural que a diferencia aos olhos do consumidor de moda.” Dados relataram que a grife também obteve um aumento de 88% por compradores do sexo masculino, algo até então não visto com muita frequência.
Outras grifes presentes no ranking da The Lyst
Além da marca italiana, outros renomados nomes da moda estão presentes no pódio. A Prada, que tem a Miu Miu como sua subsidiária, ocupou o segundo lugar. Já o terceiro e quarto ficaram, respectivamente, por conta das grifes Loewe e Bottega Veneta.
Por fim, a marca parisiense Saint Laurent fez sua estreia no top cinco da plataforma, especialmente após estampar Diana Ross como a estrela de sua campanha de 2024 e participar da organização do jantar pré-Oscar do filme “Oppenheimer”.