STJ adia julgamento sobre patente da semaglutida e genéricos do Ozempic seguem indefinidos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) adiou, nesta terça-feira (9), o julgamento que decidiria se a patente da semaglutida, princípio ativo do Ozempic, será prorrogada no Brasil. O impasse é crucial para o mercado farmacêutico, pois definirá se medicamentos genéricos e similares poderão ser produzidos após o vencimento atual da proteção, previsto para março de 2026.

A sessão, que analisaria um recurso da farmacêutica Novo Nordisk, foi suspensa sem nova data definida. A empresa defende que houve prejuízo devido ao longo atraso do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na análise do pedido de patente, o que justificaria uma extensão no prazo de exclusividade.

Exclusividade da indústria e acesso dos pacientes

A Novo Nordisk afirma que o INPI levou mais de uma década para concluir a avaliação da patente, o que teria encurtado o período efetivo em que a empresa poderia explorar comercialmente o medicamento com exclusividade. A defesa pede que o prazo seja estendido para compensar os anos perdidos.

A semaglutida tornou-se uma das substâncias mais procuradas no país graças ao uso indicado para diabetes tipo 2 e à crescente prescrição off label voltada ao emagrecimento. Com alta demanda, o Ozempic tornou-se caro e, por vezes, difícil de encontrar. Por isso, a possibilidade de entrada de genéricos é vista como um passo fundamental para ampliar o acesso.

Especialistas em políticas de saúde destacam que, com o fim da patente, os preços poderiam cair significativamente, permitindo que pacientes de baixa renda e o próprio sistema público tivessem acesso mais amplo ao tratamento.

Precedentes jurídicos e impacto no mercado nacional

O debate ocorre após decisões anteriores do Supremo Tribunal Federal (STF), que já considerou inconstitucional a prorrogação automática de patentes por atrasos administrativos. Esse entendimento fortalece a posição de quem defende o fim da exclusividade da semaglutida em 2026.


Disputa por extensão (Foto: reprodução/X/@g1)


A indústria farmacêutica nacional acompanha atentamente a disputa. Caso o STJ mantenha o prazo original e permita a fabricação de genéricos, laboratórios brasileiros poderão iniciar a produção e competir com a versão importada, reduzindo preços e ampliando o mercado interno.

Entretanto, enquanto não houver decisão definitiva, laboratórios interessados permanecem impossibilitados de avançar com o registro de seus produtos. Para consumidores, planos de saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS), o adiamento prolonga a incerteza sobre quando os tratamentos mais acessíveis estarão disponíveis.

Incerteza prolongada e expectativa de impacto nos próximos meses

O adiamento do julgamento reforça a sensação de espera em um momento em que a demanda por medicamentos à base de semaglutida cresce no país. Para especialistas, a definição jurídica terá efeito direto no planejamento da indústria e no custo final para o consumidor.

Até que a Corte marque uma nova data, milhões de pacientes convivem com preços elevados e dependência da importação. Enquanto isso, a discussão sobre inovação, concorrência e acesso à saúde segue no centro do debate nacional.

STJ solta Oruam: cantor deixa prisão após liminar favorável

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) liberou o cantor Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam. Ele estava preso desde 22 de julho, após uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro relacionada a uma operação policial que investigava crimes cometidos por um jovem apelidado de “Menor Piu”. O ministro Joel Ilan Paciornik decidiu que a prisão preventiva de Oruam não tinha fundamentos suficientes e determinou sua liberdade.

Por que o STJ liberou Oruam

O ministro Paciornik explicou que a prisão preventiva do cantor se baseava em argumentos vagos, como publicações nas redes sociais e uma suposta possibilidade de fuga. Segundo o magistrado, o cantor é réu primário e se apresentou espontaneamente às autoridades, o que diminui qualquer risco apontado pela Justiça.

Com a liminar, a prisão foi substituída por medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal, que serão definidas pelo juiz de primeira instância. O ministro destacou ainda que a fama do caso ou o impacto social não justificam a prisão preventiva: é preciso provar o risco real de o acusado cometer crimes, o que não se aplicava a Oruam.


O cantor Oruam posa para revista DAZED (Foto: reprodução/Dazed/Pedro Napolinári)


O contexto da prisão e investigação

O cantor foi preso um dia depois da operação policial que investigava crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal. Segundo a polícia, Oruam e amigos teriam atirado pedras contra os agentes durante a abordagem.

A prisão ganhou grande repercussão, principalmente devido à sua ligação familiar: Oruam é filho de Marcinho VP, conhecido líder do Comando Vermelho. Com a decisão do STJ, ele deixa a prisão e passará a cumprir medidas alternativas enquanto aguarda o julgamento final.

A liminar do STJ reforça que prisões preventivas precisam de justificativa clara e concreta. O caso de Oruam mostra como o tribunal atua em situações de grande repercussão e serve como exemplo de como a Justiça analisa medidas cautelares para garantir que a prisão seja usada apenas quando realmente necessária.

Companhias aéreas podem negar transporte de animais de suporte emocional, decide STJ

A Quarta Turma do STJ determinou nesta terça-feira (14) que as companhias aéreas podem proibir o transporte de animais de suporte emocional na cabine dos aviões. Para o Superior Tribunal de Justiça, cada companhia tem liberdade para definir suas próprias regras, garantindo segurança e padronização nos serviços prestados.

Sem uma legislação específica sobre o tema, cabe às próprias empresas definir as condições para esse tipo de embarque. Portanto, as companhias podem estabelecer critérios como peso, altura e exigência de transporte dos animais em caixas apropriadas, tanto em voos nacionais quanto internacionais. Além disso, o STJ afirmou que animais de suporte emocional não equivalem a cães-guia, que recebem treinamento rigoroso e têm identificação oficial.

Animais de suporte: como o STJ decidiu

A questão começou quando uma mulher e seu filho, saindo de São Paulo, ambos com problemas psiquiátricos, solicitaram autorização judicial para viajar definitivamente para a Itália com seus cães de suporte emocional. O pedido foi analisado pela Justiça, que permitiu que os animais, de pequeno porte, embarcassem na cabine do avião.

Durante a viagem, realizada sem incidentes, passageiros e tripulantes elogiaram o comportamento dos cães. Entretanto, apesar da autorização judicial, uma das companhias aéreas recorreu da decisão, levando o caso para a segunda instância. Em contrapartida, o tribunal manteve o direito ao transporte dos cães, mas a empresa levou a disputa ao Superior Tribunal de Justiça, que decidiu a favor da empresa.


Com decisão do STJ, companhias aéreas poderão definir normas para embarque de animais de suporte emocional (reprodução/Instagram/@ciaufpb)


O que são animais de suporte emocional

Os animais de assistência emocional (Esan) são companheiros que auxiliam pessoas com transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e estresse. De fato, eles oferecem suporte emocional, ajudando a estabilizar o bem-estar do tutor. Além disso, diversas espécies podem fornecer suporte emocional, incluindo cães, gatos, coelhos e até tartarugas, proporcionando conforto e segurança por meio da convivência e do vínculo afetivo.

Nos Estados Unidos e em outros países, a presença de animais de apoio emocional em espaços públicos é amplamente aceita e regulamentada. Afinal, leis específicas garantem que passageiros possam viajar com seus animais sem custos adicionais, assegurando o direito ao suporte emocional durante deslocamentos aéreos e terrestres.

Animais de serviço e animais de suporte emocional

Os animais de apoio emocional se diferenciam dos animais de serviço, que passam por treinamento especializado para desempenhar funções específicas. Um exemplo clássico são os cães-guia, preparados para auxiliar pessoas com deficiência visual em suas atividades diárias, garantindo segurança e autonomia.

Por outro lado, os animais de apoio emocional não exigem treinamento formal, mas desempenham um papel essencial no suporte a indivíduos com transtornos psicológicos. Sua presença contribui para o tratamento recomendado por profissionais de saúde mental, proporcionando estabilidade emocional ao tutor em momentos de crise.

Caso de Daniel Alves é reaberto e brasileiro será julgado pelo Tribunal Supremo da Espanha

O Ministério Público de Barcelona recorreu da absolvição de Daniel Alves, nesta quarta-feira (7). O caso de estupro contra o jogador foi anulado em março por falta de provas. Este recurso se une ao outro apresentado pela vítima em abril, que reabriu o caso. Com a decisão, o ex-jogador da seleção brasileira será julgado novamente, mas desta vez pela instância mais alta do país.

O julgamento

Daniel Alves foi condenado por estuprar uma jovem em uma boate de Barcelona, em dezembro de 2022. Contudo, o caso foi anulado, pois o Tribunal Superior da Catalunha alegou inconsistências no depoimento da vítima. Nesta quarta, a promotoria apresentou um recurso e afirmou que a anulação havia “condenado moralmente” a jovem.


Daniel Alves estava em liberdade provisória desde março de 2023 (Foto: reprodução/Ulisses Ruiz/AFP)

A sentença da condenação de quatro anos e meio de prisão foi feita pela Audiência de Barcelona, a instância de justiça mais alta da cidade. A defesa de Daniel Alves entrou com recurso e o caso passou para o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, quando foi anulado de forma unânime, em março. A Catalunha é a região onde fica localizada Barcelona, onde a jovem alega ter sido estuprada.  Este é um tribunal de segunda instância que esgota as possibilidades no âmbito regional. O Tribunal Supremo tem a prerrogativa de analisar e rever as decisões de qualquer instância judicial do país.

O caso

Uma jovem espanhola que frequentou a mesma boate onde o jogador estava, acusa Daniel de tê-la estuprado no banheiro da área VIP, na noite de 30 de dezembro de 2022. Funcionários que trabalhavam no dia do ocorrido corroboraram a versão da vítima em depoimento. Exames de corpo de delito detectaram sêmen na vagina da mulher. Porém, a acusação foi considerada insuficiente para manter a condenação de Daniel, que foi absolvido. 

O jogador ficou mais de um ano preso por ser condenado em primeira instância em janeiro de 2023. Ele entrou em liberdade provisória após pagar a multa de um milhão de euros na época.

A anulação da condenação não significa que a versão de Alves seja verdadeira sobre a relação ser consensual. Os juízes explicaram que, pelas inconsistências no depoimento da vítima, não seria possível comprovar a acusação de estupro. A jovem afirmou ter sido estuprada desde o início do caso. Já o jogador, mudou de versão três vezes e alegou nem conhecer a mulher em determinado momento. 


STJ multa pais que recusam vacinar filhos contra Covid-19

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que pais que responsáveis vacinam suas crianças contra a Covid-19 podem ser penalizados com multa. A decisão se baseia no entendimento de que a recusa fere os deveres do poder familiar, estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O caso julgado envolve uma menina de 11 anos no Paraná, cuja falta de imunização foi identificada pela escola. A instituição notificou os pais, que optaram por não vaciná-la. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) foi acionado e, ao questionar a família, recebeu como justificativa um atestado médico. No entanto, o documento foi analisado pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública e descartado por não apresentar embasamento técnico suficiente.

Entendimento da Justiça e implicações legais

A família argumentou que a vacina contra a Covid-19 não está no Plano Nacional de Imunização como obrigatória, mas o STJ reforçou que as vacinas recomendadas por autoridades sanitárias devem ser aplicadas, com exceção caso haja contra indicações devidamente comprovadas. Com isso, os ministros decidiram que houve descumprimento de um dever legal e aplicaram uma multa equivalente a três salários mínimos aos responsáveis.

A decisão do STJ se baseia no entendimento de que a imunização infantil é essencial para a proteção coletiva e a prevenção de surtos de doenças evitáveis. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a vacinação é obrigatória nos casos indicados pelos órgãos de saúde. Dessa forma, pais que recusam a imunização sem justificativa válida podem enfrentar sanções judiciais.


Vacinação contra a Covid-19 (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


A importância da vacinação

Desenvolvidas em tempo recorde graças a colaborações científicas globais, as vacinas passaram por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem disponibilizadas para o público. Assim, a vacinação contra a COVID-19 se consolidou como a principal ferramenta de combate à pandemia, reduzindo significativamente casos graves, hospitalizações e óbitos em todo o mundo.

AGU remove postagens falsas e combate desinformação nas redes sociais

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que, na última quinta-feira (27), o Facebook e o Instagram removeram postagens que falavam sobre um suposto pedido de indenização. A remoção de conteúdos enganos nas plataformas se deu após solicitação da instituição. As mensagens indicavam que seria necessário pagar uma taxa para resgatar valores devidos a futuras vítimas. As publicações foram retiradas dentro do prazo de 48 horas, conforme pedido da AGU.

Ação Contra Desinformação nas Redes Sociais

A AGU explicou, em comunicado enviado à Justiça, que as plataformas de internet tem o direito de excluir ou bloquear conteúdos que não sigam suas regras de uso. Essa posição está alinhada com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a AGU, divulgar informações falsas não é protegido pela liberdade de expressão, uma vez que esse tipo de conteúdo pode causar danos ao público e à administração pública.

A AGU também destacou que a propagação de mentiras nas redes sociais tem como objetivo prejudicar tanto a imagem do governo quanto os usuários das plataformas. Essas informações erradas tentam deslegitimar o trabalho do governo e atrapalhar o funcionamento das instituições.


Monitoramento das Redes Sociais (Foto: reprodução/d3sign/Getty Images Embed)


Outras Ações Contra Fake News

Este não é o primeiro caso de desinformação envolvendo as redes sociais. Em janeiro deste ano, a AGU já havia solicitado a remoção de um vídeo manipulado que circulava no Facebook. O vídeo, que usava inteligência artificial para alterar a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espalhava uma informação falsa sobre novos impostos, como taxação de animais de estimação, pré-natal e prêmios de apostas esportivas.

A AGU afirmou que a intenção do vídeo era criar confusão e fazer o público acreditar que o ministro havia defendido essas medidas, quando, na realidade, isso não era verdade. A instituição tem tomado medidas para evitar a disseminação de notícias falsas que possam enganar a população e afetar a confiança no governo.

STJ marca julgamento de recurso de Robinho

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) marcou para o dia 13 de março a análise do recurso interposto pela defesa de Robinho, ex-atacante da seleção brasileira, condenado a nove anos de prisão por estupro na Itália. A sessão será realizada de forma virtual pela Corte Especial, e nela será decidido se haverá revisão da pena e a possível progressão do ex-jogador para o regime semiaberto.

O caso vem gerando grande repercussão, principalmente pela complexidade do processo envolvendo a justiça italiana e brasileira. Robinho cumpre pena no Brasil desde março de 2023, após o STJ homologar a sentença italiana que o havia condenado em 2022. No entanto, a defesa do ex-jogador questiona a aplicação da pena imposta na Itália, com base em diferenças na legislação penal entre os dois países.

Defesa questiona a aplicação da pena

A defesa de Robinho argumenta que o STJ não considerou as distinções entre as leis dos dois países na dosimetria da pena. Na Itália, a pena mínima para o crime de estupro é de oito anos, enquanto no Brasil a pena mínima para o mesmo crime é de seis anos, com a máxima de dez anos.

Os advogados de Robinho esperam que a sentença seja revista, pleiteando a redução da pena para seis anos e a progressão para o regime semiaberto. Eles destacam ainda que Robinho é réu primário e possui bons antecedentes, o que, segundo eles, justificaria a redução da pena.


Robinho em audiência de custódia na Polícia Federal de Santos (Foto: reprodução/GE)

A defesa questiona também a aplicação da pena sem uma análise detalhada da legislação brasileira, considerando as especificidades do direito penal nacional. O ex-atacante está preso no presídio de Tremembé, São Paulo, em regime fechado, e desde sua prisão, em 2023, a sua situação tem gerado debates jurídicos sobre a adequação das penas entre países com legislações distintas.

Posição da União Brasileira de Mulheres

Em meio a este cenário, a União Brasileira de Mulheres (UBM), que atua como parte interessada no processo, se posiciona contrária à revisão da sentença. Para a UBM, não cabe ao STJ alterar a decisão da justiça italiana. A associação defende que a homologação da sentença estrangeira deve ser observada apenas nos aspectos procedimentais, sem interferência no conteúdo da decisão penal.

Carlos Nicodemos, advogado da UBM, destacou em sua argumentação que a homologação da sentença não deve ser modificada pelo STJ. Ele afirmou que o processo de homologação visa garantir o cumprimento dos requisitos formais, e que a sentença já consolidada na Itália não deve ser revista pelo tribunal brasileiro. Para a UBM, trata-se de um caso em que não há espaço processual para alterar a pena já estabelecida pela justiça italiana.

Julgamento virtual e acompanhamento público

O julgamento será realizado de forma virtual, com os ministros depositando seus votos ao longo da semana, após o voto do relator. Essa modalidade permite que o processo seja acompanhado pelo público de forma online, por meio do site oficial do STJ. A expectativa é que a decisão, que pode ter repercussões jurídicas significativas, seja proferida após o julgamento virtual.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia negado anteriormente um pedido de habeas corpus para Robinho, o que tornou a situação do ex-jogador ainda mais complicada. Agora, a defesa aguarda que o STJ reconsidere a aplicação da pena, com base nas alegações sobre as diferenças entre as legislações penais de Itália e Brasil.

Esse caso, com grande repercussão nacional e internacional, continua a ser acompanhado por diversas entidades, advogados, e pela mídia, que aguardam o desfecho dessa disputa judicial. A análise do recurso de Robinho pode estabelecer um precedente importante para o futuro de outros casos envolvendo a homologação de sentenças estrangeiras no Brasil.

STF mantém decisão e forma maioria para negar liberdade a Robinho

Nesta sexta-feira (22), o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para negar os pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa do ex-jogador Robinho, condenado a nove anos de prisão por estupro na Itália. A decisão, tomada em julgamento virtual, contesta a tentativa de revogar a homologação da sentença italiana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), feita em março deste ano.

Até agora, seis ministros, incluindo Luiz Fux, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, votaram contra os pedidos de liberdade. O único voto favorável veio de Gilmar Mendes. O prazo para que os ministros registrem seus votos termina no dia 26 de novembro, mas a decisão já conta com apoio da maioria da Corte.

Julgamento virtual e argumentos da defesa

Os dois pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa de Robinho estão sendo julgados de forma virtual, com os votos dos ministros depositados em uma plataforma eletrônica. A defesa argumentou que o STJ extrapolou sua competência ao determinar a prisão imediata do ex-jogador após homologar a decisão da Justiça Italiana. Além disso, os advogados questionaram a aplicação retroativa de artigos da Lei de Migração, de 2017, ao caso de Robinho, que remonta a 2013.


Robinho em audiência de custódia (Foto: reprodução/ TV Globo)

Gilmar Mendes, único ministro a votar pela concessão do habeas corpus, sustentou que a legislação de 2017 não poderia ser aplicada para punir o réu e defendeu que ele deveria permanecer em liberdade até o trânsito em julgado da sentença homologatória. No entanto, a maioria dos ministros discordou, reforçando o entendimento de que a decisão do STJ respeitou os acordos de cooperação internacional e os requisitos legais.

Relembre o caso e os próximos passos

Robinho foi condenado pela Justiça Italiana em 2017 por participação em um estupro coletivo ocorrido em 2013. A pena de nove anos de prisão foi homologada no Brasil em março de 2024, permitindo que fosse cumprida em território nacional. Desde então, o ex-jogador está preso na Penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo, onde segue uma rotina de exercícios físicos e partidas de futebol no campo de terra do presídio.


Robinho ao entrar no sistema prisional (Foto: reprodução/Folha de S. Paulo)

Com o julgamento do STF ainda em andamento, a decisão final será consolidada ao término do prazo, em 26 de novembro. Caso os votos atuais sejam mantidos, Robinho permanecerá preso, e a defesa terá poucas alternativas para reverter o resultado. Ainda assim, seus advogados podem buscar novos recursos em instâncias internacionais, embora as chances de sucesso sejam reduzidas.

A decisão do STF reforça a aplicação de acordos de cooperação jurídica internacional e marca um momento significativo na responsabilização de crimes cometidos fora do Brasil. Para Robinho, a manutenção da pena sinaliza que a Justiça brasileira está alinhada com os compromissos assumidos em tratados internacionais.

STJ rejeita novo habeas corpus de Deolane Bezerra e influenciadora segue presa

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recusou, na manhã desta quarta-feira (18), mais um pedido de habeas corpus da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, presa desde o dia 4 de setembro em decorrência de investigações da operação “Integration”. O pedido foi feito por sua nova equipe de defesa, formada no dia 13 de setembro, mas nem chegou a ser apreciado pelo desembargador Otávio de Almeida Toledo, que alegou que a solicitação não cumpria os requisitos exigidos pela lei.

Deolane Bezerra está presa na Colônia Penal Feminina de Buíque, em Pernambuco, enquanto sua mãe, Solange Bezerra, também detida na mesma operação, encontra-se na Colônia Penal Bom Pastor, em Recife. Ambas foram presas sob suspeita de envolvimento em uma organização criminosa dedicada à lavagem de dinheiro e a atividades de jogos ilegais.

Recurso negado e prisão preventiva

Essa foi a segunda vez que a defesa de Deolane Bezerra, agora representada pelos advogados Rafael Adamek e Luiz Eduardo Monte, tentou reverter a prisão da influenciadora. O primeiro pedido também foi negado pela Justiça de Pernambuco em instância inferior. A defesa alega que Deolane não tem envolvimento com as atividades ilícitas investigadas e que seu patrimônio, muitas vezes exibido nas redes sociais, foi adquirido de forma lícita, principalmente por meio de publicidade digital.

O caso ganhou repercussão nacional após a operação “Integration”, que revelou que a influenciadora teria utilizado sua empresa para abrir uma plataforma de apostas online. A investigação sugere que o serviço foi criado como um meio de lavar dinheiro oriundo de jogos ilegais.

Violação de medida cautelar

Anteriormente, Deolane havia conseguido um benefício de prisão domiciliar, mas teve o direito revogado no dia 10 de setembro por descumprir medidas impostas pela Justiça. Entre as condições que deveria seguir, estava a proibição de fazer qualquer manifestação pública, incluindo entrevistas e postagens em redes sociais. Logo após sair do Instituto Penal Bom Pastor, onde estava inicialmente detida, a influenciadora deu uma entrevista criticando sua prisão e postou nas redes sociais uma imagem com uma tarja na boca, o que foi considerado uma violação da medida.


Deolane em post após saída da prisão (Foto: reprodução/Instagram/@dra.deolanebezerra)

Agora, a influenciadora segue aguardando novos desdobramentos judiciais, enquanto sua defesa tenta reverter a situação e assegurar sua liberdade.

STF avalia se Google deve informar quem pesquisou sobre Marielle na semana de sua morte

Uma nova medida pode ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que na ultima terça-feira (18) tornaram réus os acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

O deputado Chiquinho Brazão (sem partido), Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Rivaldo Barbosa, delegado da Policia Civil, o major Ronald Paulo Pereira e Robson Calixto Fonseca, policial militar são os acusados.

De acordo com a PGR, a morte da vereadora foi encomendada por ela apresentar obstáculos diante de interesses financeiros dos irmãos Brazão.

Outro processo será julgado a respeito do crime, uma ação que debate se o Google deve ou não fornecer a lista de usuários que fizeram pesquisas com combinações de palavras que tivessem relação a vereadora, em março de 2018, durante a semana em que ocorreu sua morte.


Foto: reprodução/Portal Governo Federal

Entenda o processo

Para os investigadores do caso, as informações sobre quem pode ter pesquisado sobre Marielle são essenciais para a nova fase da produção de provas, que teve iniciou com a abertura da ação penal contra os possíveis mandantes.

Possíveis novas evidências podem ajudar a investigação a comprovar o que Ronnie Lessa – executor confesso do crime – narrou durante seu depoimento de acordo de colaboração premiada.

Decisões

A primeira instancia e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anteriormente haviam decidido que o Google deveria disponibilizar as informações, no entanto a empresa recorreu ao Supremo alegando que fornecer a lista seria violação à privacidade.

A empresa declara que a medida solicitada se for concluída, poderá abrir margem para que as pesquisas online se tornem meios de vigiar a população de forma indevida.

O Google ainda declara ao STF que atendeu a outras ordens judiciais a respeito do caso Marielle, mas que desta vez trata-se de “pedidos genéricos e não individualizados, contrariando a proteção constitucional à privacidade e aos dados pessoais”.

Anderson Gomes, motorista de Marielle Franco que a acompanhava no dia do crime também foi morto durante o atentado.