A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou áudios das conversas entre o árbitro de campo e a equipe de VAR referentes ao clássico entre São Paulo e Palmeiras, disputado no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro. A decisão veio após a repercussão negativa das decisões tomadas durante a partida, que geram forte indignação entre torcedores, dirigentes e comentaristas esportivos.

O empate no Morumbi acabou ficando em segundo plano diante das polêmicas envolvendo possíveis erros de arbitragem. Nas redes sociais, vídeos e prints de lances duvidosos viralizaram rapidamente, alimentando acusações de favorecimento e falta de transparência. Em meio a pressão pública, a CBF optou por divulgar o conteúdo das comunicações internas para demonstrar coerência nas decisões e reforçar o compromisso com a credibilidade do futebol nacional.

De acordo com a entidade, a divulgação dos áudios segue um protocolo de transparência já adotado em outras competições, com o objetivo de permitir que os torcedores e clubes compreendam o processo de decisão dentro da cabine do VAR. Ainda assim, as reações permanecem divididas: enquanto alguns elogiam a iniciativa, outros afirmam que a medida não resolve o problema central, a inconsistência nas interpretações dos árbitros.

Lances mais questionados e argumentos da arbitragem

Durante a partida, foram levantados diversos lances controversos que acabaram virando o foco das discussões. Um dos momentos mais criticados envolveu uma possível infração sobre Gonzalo Tapia, dentro da área, que, segundo torcedores e dirigentes, deveria ter sido marcada como pênalti. O árbitro de campo, contudo, não solicitou consulta ao monitor, postura que gerou críticas imediatas.

Nos registros liberados, a conversa entre o árbitro principal e o VAR evidencia que, após análise, entenderam que o jogador teria “escorregado acidentalmente” e que “não houve contato relevante” para justificar a marcação. Mesmo diante das críticas, a equipe manteve a decisão original. Outro lance destacado envolveu uma entrada de Andreas Pereira, que muitos consideraram passíveis de expulsão. O VAR chegou a questionar o lance, mas o entendimento foi de que o contato não teve “intensidade suficiente” para cartão vermelho, resultando apenas em advertência.

Há ainda um debate sobre um suposto pisão de Gustavo Gómez e uma infração no zagueiro do Palmeiras no início do primeiro gol rival. Em relação ao pisão, os árbitros seguiram a linha de julgamento de que não houve dolo, caracterizando-se como disputa normal. Já no lance que originou o gol adversário, a arbitragem apontou que não identificou falta clara que justificasse a revisão.

Postagem no X sobre a arbitragem do jogo São Paulo x Palmeiras (Reprodução/X/@TNTSportsBR)

Transparência, críticas e o impacto no futebol nacional

A CBF justificou a liberação dos áudios como uma ação para aumentar a transparência do sistema de arbitragem e estabelecer um canal de resposta para críticas frequentes sobre interferência equivocada em partidas importantes. Com aval da FIFA para disponibilizar esse tipo de material, a entidade nacional busca dar mais visibilidade aos critérios utilizados pelos árbitros.

Embora os áudios ajudem a contextualizar as decisões, não substituem melhorias estruturais no treinamento, comunicação e supervisão da arbitragem. Em muitos casos, o entendimento subjetivo entre o árbitro de campo e o VAR continua sendo o ponto mais sensível.

Enquanto isso, clubes e torcedores seguem atentos. O episódio reacendeu debates sobre a eficácia do VAR no Brasil e a necessidade de padronização mais rígida para que as decisões sejam menos contestadas e mais confiáveis.