China e EUA dão primeiro passo para negociar guerra comercial

Acontece neste sábado (10) em Genebra, na Suíça, um encontro entre China e EUA na tentativa de conversar sobre a guerra comercial provocada pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump no início do mês de abril.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o negociador-chefe de comércio dos EUA, Jamieson Greer, se encontram com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, para dar o primeiro passo em direção à resolução da questão tarifária.

Posicionamento de Trump

Trump declarou nesta quinta-feira (8) que seria uma reunião amigável com negociações substanciais. Entretanto, acrescentou nesta sexta-feira (9) que tarifas de 80% sobre as importações de produtos da China seriam corretas. 

O presidente americano também postou na plataforma Truth Social que a decisão de reduzir o percentual das taxas cobradas pelos EUA sobre as importações da China é de Bessent e destacou que a China deveria abrir seus mercados para os EUA.

Seria ótimo para eles!!! Mercados fechados não funcionam mais!!!

Donald Trump

Até então, Trump não havia falado de números sobre a redução de tarifas sobre a China. Contudo, já havia uma sinalização de que tinha o desejo de uma trégua e uma redução de tarifas entre as duas superpotências mundiais.

O Ministério do Comércio da China afirmou que os EUA precisam “demonstrar sinceridade” nas negociações e ter disponibilidade para “corrigir suas práticas equivocadas e cancelar as tarifas unilaterais”

Evolução das tensões comerciais

As taxas sobre as importações que estão em vigor no momento são de 145% sobre as importações de produtos da China e 125% sobre as importações de produtos dos EUA. Os percentuais chegaram a este ponto ao longo de uma sequência de ações de reciprocidade entre os dois países: 

  • 2 de abril: “Dia da Libertação”, em que Trump apresentou uma tabela tarifária que varia de 10% a 50% para importações de mais de 180 países. 
  • 4 de abril: em retaliação, o governo da China impôs 34% sobre todas as importações dos EUA.
  • 7 de abril: em resposta à decisão chinesa, Trump estipulou que a China deveria retirar as tarifas até as 13h (horário de Brasília) do dia 8 de abril, ou o governo americano elevaria a taxa a 104%. 
  • 8 de abril: a China não recuou, afirmou que estava preparada para revidar até o fim, e Trump cumpriu a promessa e acrescentou mais 50% sobre as tarifas já impostas, apesar de acreditar que a China ainda poderia chegar a um acordo com o governo americano.
  • 9 de abril: o governo chinês elevou as tarifas de 34% para 84% sobre as importações dos EUA, proporcionalmente ao percentual de alta americano. No mesmo dia, Trump anunciou uma pausa na tarifação contra os outros países e reduziu os percentuais para 10% por 90 dias, com exceção da China. O presidente americano elevou a taxa das importações chinesas para 125%. As tarifas específicas já em vigor anteriormente, como os 25% sobre aço e alumínio, continuaram valendo.
  • 10 de abril: Washington explicou que as taxas de 125% foram somadas aos 20% aplicados antes sobre a China, totalizando 145% de taxas de importação sobre os produtos chineses. 
  • 11 de abril: o governo chinês elevou as taxas sobre as importações americanas para 125%.

Em 11 de abril, o vice-presidente chinês Han Zheng afirmou que a China não recuaria (Reprodução/X/GugaNoblat)

De acordo com a agência de notícias Reuters, as tarifas impostas pelo governo americano aos mais de 180 países desestabilizaram cadeias de suprimento, abalaram o mercado financeiro e alimentaram os temores de uma forte recessão global.

Movimentações em Genebra

Apesar de não se saber exatamente qual seria o local do encontro, testemunhas afirmaram ter visto as duas delegações deixando a residência do embaixador da Suíça para a Organização das Nações Unidas (ONU) no subúrbio de Cologny por volta da hora do almoço. 

Duas horas antes, os representantes americanos, Bessent e Greer, sorriram quando deixaram o hotel a caminho da reunião, usando gravatas vermelhas e broches com a bandeira americana na lapela do paletó. Bessent se recusou a falar com os repórteres. 

No mesmo instante, vans da Mercedes saíram do hotel onde a delegação chinesa está hospedada, às margens do Lago de Genebra, enquanto corredores se aqueciam para uma maratona.

Expectativa do encontro

Analistas mantiveram baixas as expectativas sobre o encontro. Ambos os lados fazem questão de não demonstrar fraqueza e há desconfiança sobre o momento. O presidente americano sugeriu que a China foi quem iniciou as discussões para as negociações, porém Pequim afirma que os EUA solicitaram as conversas e que a política de oposição da China contra as tarifas americanas não mudou. 


Analistas comentam sobre as expectativas e repercussão das relações entre EUA e China (Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O Ministro da Economia da Suiça, Guy Parmelin, se encontrou com ambas as delegações em Genebra nesta sexta-feira (9) e comentou que o simples fato das conversas estarem acontecendo já era um sucesso. 

Se um plano de ação emergir e eles decidirem continuar as discussões, isso diminuirá a tensão.

Guy Parmelin

Segundo Parmelin, as conversas poderiam continuar ao longo do domingo e da segunda-feira. A Suíça ajudou a mediar o encontro em visitas recentes de políticos suíços à China e aos Estados Unidos.

Lifeng também agendou uma reunião com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala. Ela acolheu as conversas entre os dois países como “um passo positivo e construtivo para atenuação” das tensões comerciais entre as duas economias mais importantes do mundo. 

Trump nega redução tarifária sobre a China

Resposta do governo chinês

Por outro lado, após as afirmações do presidente Trump, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Lin Jian, afirmou mais cedo que qualquer pressão ou coerção não funcionará com a China. Ele garantiu que o país continuará buscando “Justiça” nas negociações com os EUA, deixando claro que não aceitará condições que prejudiquem seus interesses comerciais.

Dificuldades para uma reconciliação

As falas do presidente reforçam a dificuldade para uma reconciliação comercial entre os dois países e um possível acordo benéfico para os dois lados. A postura rígida de ambos os países aumenta as chances de uma prolongada disputa tarifária, dificultando uma possível reconciliação e a redução das tarifas que ambos desejam. Essa situação gera incertezas no mercado global, afetando cadeias de suprimentos e alianças internacionais, além de impactar consumidores, empresas e futuros investimentos.


Presidente dos Estados Unidos Donald Trump (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty images Embed)


Além disso, é importante destacar que essa tensão comercial entre os dois países tem consequências globais, já que ambos representam grande parte da economia mundial. As negociações e as decisões tomadas por eles influenciam diretamente as condições econômicas de outros países, afetando taxas de câmbio e o fluxo de comércio internacional. A postura de ambos revela que, no momento, as negociações permanecem difíceis, e a possibilidade de uma reconciliação parece distante. Isso mantém o mercado atento às próximas declarações e mudanças de postura.

Trump pode estender novamente prazo de venda do TikTok nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou a possibilidade de estender novamente o prazo para que a empresa chinesa ByteDance conclua a venda das operações do TikTok no país. O prazo atual vence em 19 de junho e já foi prorrogado duas vezes. A exigência faz parte de uma determinação prevista em lei federal, baseada em alegações de risco à segurança nacional.

Preocupações com segurança e exigências legais

Uma lei dos EUA exige que o TikTok tenha um novo dono no país, que não seja chinês, devido a suspeitas de que a empresa chinesa ByteDance, que controla o aplicativo, possa colocar em risco a privacidade dos 170 milhões de usuários americanos e a segurança dos dados.

O algoritmo do TikTok personaliza o conteúdo exibido a cada usuário com base em seus interesses. O governo dos EUA teme que esse sistema possa ser usado para espalhar desinformação ou coletar dados pessoais, como localização e hábitos dos usuários.

Essa preocupação vem do fato de que, na China, empresas podem ser obrigadas por lei a colaborar com o governo na entrega de dados. Apesar dos investimentos do TikTok em segurança e transparência, e de negar ter compartilhado dados com a China, a desconfiança das autoridades americanas persiste.


TikTok nos EUA e na China (Foto: reprodução/OLIVIER DOULIERY/Getty Images Embed)


Andamento das negociações e possíveis acordos

Havia um plano para transformar o TikTok nos EUA em uma empresa independente, com sede no país e controlada por investidores americanos. Mas as negociações foram interrompidas depois que a China se opôs, especialmente após os EUA anunciarem tarifas mais altas sobre produtos chineses.

Fontes ligadas aos investidores dizem que as negociações continuam e que o prazo vai até 19 de junho. Mas tudo depende de um acordo entre EUA e China, sobre principalmente as tarifas. Trump afirmou que não pretende reduzir as taxas apenas para negociar, mas pode flexibilizá-las como parte de um acordo maior.

Há também divergências políticas internas. Alguns senadores questionam a autoridade de Donald Trump para adiar a lei, como já fez em outras ocasiões, e levantam dúvidas sobre a legalidade do acordo em negociação.

Taxas de Trump sobre produtos chineses passa a vigorar nesta sexta-feira

Novo episódio da guerra comercial entre Estados Unidos e China entrou em vigor nesta sexta-feira (2). No início de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump parecia haver chegado ao ápice das taxações sobre produtos chineses, quando, dentro do chamado “tarifaço”, retirou a isenção de impostos de importação sobre produtos fabricados na China até o valor de US$800,00, deixando mais caros os produtos, em especial de varejistas de vestuários como a Shein, em remessas enviadas aos Estados Unidos.

Antes disso, encomendas com valores inferiores a US$800,00 não eram taxadas, mas uma decisão do presidente pôs fim à brecha comercial norte-americana conhecida como “minimis” que consiste na entrada de pacotes com valores mais baixos, vindos da China e Hong Kong, livres de impostos.

“Supertaxa das blusinhas”

As medidas de sobretaxa aos produtos chineses que entram nos Estados Unidos acompanham, em partes, a decisão do governo brasileiro, quando impôs imposto de importação de 20% sobre compras internacionais até US$50. A ação aqui ficou conhecida como “taxa das blusinhas”, já que este tipo de produto, normalmente advindo de lojas de vestuário, costuma ter valores mais baixos. 


Fernando Haddad, Ministro da Economia, “taxa das blusinhas” (Reprodução/Sergio Lima/Getty images embed)


Nos Estados Unidos, a partir desta sexta-feira (2), remessas que chegarem vindas da China e de Hong Kong, independentemente do tamanho, passam a ter um imposto de 120% de seu valor ou uma taxa de US$100 que aumentará progressivamente até US$200 após 1º de junho. 

Shein e Temu

As principais empresas afetadas pelas tarifas impostas pelo governo americano são a Shein e a Temu. Isto porque as duas empresas são responsáveis pela maior fatia de remessas de produtos aos Estados Unidos.


Shein e Temu (Reprodução/Getty images embed)


Impulsionados principalmente pelas redes sociais, consumidores norte-americanos passaram a investir na compra destes produtos por seus valores mais acessíveis em relação aos produzidos internamente.

Os reflexos foram sentidos em ambas as empresas. A Temu, em consequência das tarifas, decidiu investir em modelos de entrega a granel, como já faz a Amazon, ou seja, sem os enviar diretamente ao consumidor. Já a Shein havia anunciado promoções de seus produtos até 25 de abril, mas após a data chegou a subir o preço de seus produtos em até 377%. 

Preocupados com os aumentos, consumidores estadunidenses chegaram a estocar produtos de varejistas chinesas. 

EUA e China tentam negociar para reduzir as tarifas de importação entre os países

Os Estados Unidos entraram em contato com a China, para discutir sobre as tarifas impostas sobre o país, por Donald Trump, de acordo com uma conta de redes sociais conectada à mídia do estado chinês, nesta quinta-feira (01).

Autoridades dos EUA confirmaram que estavam se conectando com a China para discutir as negociações, porém o governo asiático nega qualquer tentativa de contato, mas deixa em aberto essa possibilidade.

A tentativa de negociações

Nesta quinta-feira (01), o veículo chinês Yuyuan Tantian, ligado à mídia estatal chinesa, informou, em sua conta oficial na rede social Weibo, que os Estados Unidos tinham entrado em contato com a China para fazer negociações sobre as tarifas de 145%, impostas sobre o país asiático, pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump.


Presidente Trump em discurso (Foto: reprodução/Saul Loeb/AFP/Getty Images Embed)


Algumas autoridades dos EUA, como o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e Kevin Hassett conselheiro econômico da cada Branca, se mostraram esperançosos com esse alívio das tensões comerciais. Hasset informou à CNBC que houve discussões vagas entre os governos sobre as tarifas, porém que o fato da China ter cedido os impostos sobre alguns produtos dos EUA, na semana passada, já foi um passo na direção do progresso.

A China demonstrou, anteriormente, a sua indignação com as taxas impostas sobre o país. Eles declararam o como isso seria apenas uma maneira de intimidá-los e de tentar deter a ascensão econômica do país, que atualmente está em segundo lugar no ranking do PIB, perdendo somente para os próprios Estados Unidos. Eles então aplicaram também as suas próprias taxas sobre os produtos americanos, que chegaram a 125%.

Bessent afirmou que as negociações só poderão ocorrer quando as tarifas dos dois países abaixarem.

As supostas conversas

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse, em uma entrevista, que estava em negociações para alcançar um acordo sobre as tarifas, com a China. Ele ainda adicionou que o presidente chinês, Xin Jinping, o havia ligado.


Donald Trump acenando (Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)


Pequim, no entanto, negou qualquer contato direto com os americanos, acusando Washington de enganar a população. Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, confirmou que ainda não havia conversas sobre as tarifas.

As autoridades chinesas, entretanto, afirmaram o interesse em negociações, apenas pontuando que o diálogo entre as duas nações deveria ser baseado na igualdade, respeito e benefício mútuo.

PIB dos Estados Unidos cai em 0,3% nos primeiros meses de governo Trump

Trump negou a relação da queda com o tarifaço anunciado recentemente. O presidente americano afirmou que os índices vão melhorar quando as tarifas entrarem em vigor. “Só assumi em 20 de janeiro. As tarifas começarão a valer em breve, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes. Nosso país prosperará, mas precisamos nos livrar do ‘excesso’ de Biden”, publicou Trump nas redes sociais.

Aumento nas importações

Contudo, o indicador apontou que as importações por empresas aumentaram em 41,3% na tentativa de evitar custos mais altos. O aumento é o maior desde o terceiro trimestre de 2020 no auge da pandemia de Covid-19 e gerou um grande déficit comercial. 

Um dia após o Censo do Departamento de Comércio dos EUA divulgar os dados negativos, os principais índices de Wall Street também apresentaram queda, o que reflete preocupação e incerteza sobre o futuro da economia.


Donald Trump anuncia o “tarifaço” (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


O grande volume de cortes de gastos do governo federal que resultou em demissões em massa também aumentou a pressão sobre a economia americana. 

Desaprovação popular

Trump vê as tarifas como uma forma de revitalizar a receita das contas públicas e compensar os cortes de impostos, grande promessa eleitoral durante a campanha. Porém, depois de 100 dias de mandato, o descontentamento da população com o governo Trump está em crescimento. A economia é o principal ponto de crítica, assim como no governo de seu antecessor. 

Segundo a Reuters, a confiança tanto dos consumidores quanto dos empresários despencou e atingiu os níveis mais baixos dos últimos cinco anos.  Com a aproximação das tarifas, economistas projetam aumento de preço nos serviços para empresas e famílias. 

O presidente americano vem sendo pressionado a rever a política de taxações externas devido às repercussões negativas iniciais após o anúncio do tarifaço, principalmente após a disputa com a China ficar mais acirrada.

Exportações de carne aumentam e diminuem poder de compra do brasileiro

O aumento do volume de exportações da carne forçou o aumento do preço do produto nos supermercados do Brasil. A elevação de preços vem em uma constante desde setembro de 2024 e a alta acumulada em 12 meses é de 21%, consideravelmente acima do índice geral. 

Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, afirma que existe uma alta demanda no mercado internacional porque a produção de outros países fornecedores diminuiu. Por esse motivo, as exportações brasileiras de carne bovina atingiram o recorde da série histórica de 2,9 bilhões de dólares. 

“Em termos de escala, o mundo fala: quem tem carne bovina para me atender? Praticamente só o Brasil tem levantado a mão. Seja porque o produto brasileiro tem qualidade e compatibilidade, seja porque tem uma demanda aquecida no mercado internacional. Mas, ainda assim, a gente não pode esquecer que o grande destino, o grande mercado da proteína produzida no Brasil é o próprio mercado brasileiro. A gente exporta praticamente o excedente, algo como 20% ou 30%. Ou seja, 70% a 80% da carne produzida aqui tem como destino o próprio mercado interno”, explica Serigati.


Recordes de preço e produção da carne bovina animam setor de exportação pecuária (Foto: Reprodução/X/@BlogPecuariaJa)

Além do aumento do preço da carne, existe a variável de um orçamento mais reduzido. Com a aceleração da inflação, o poder de compra das famílias brasileiras diminuiu e, para algumas camadas da população, a carne agora passou a ser um peso a mais no orçamento mensal. 

Processo demorado de produção

O ciclo de produção da carne é diferente dos outros produtos agrícolas; é longo e leva anos. Portanto, leva mais tempo para se conseguir um equilíbrio entre oferta e procura e o ajuste nos preços. 

Em entrevista ao Jornal Nacional, o pecuarista Eduardo Ferreira, que tem um rebanho de 6 mil animais em sua fazenda no Mato Grosso do Sul, relata que a tecnologia é sua aliada no aumento da produção de carne. O fazendeiro argumenta: “a gente aumenta a produção de carne por hectare, na nossa mesma área sem precisar desmatar, sem precisar a ampliação da terra, e sim, com tecnologia, assim com integração, lavoura, pecuária para que, com isso, a gente consiga aumentar a oferta e esse preço em médio e longo prazo venha a cair”.  

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, os produtores brasileiros exportam cortes com baixa procura no mercado interno. É isso que garante o equilíbrio entre as exportações e o abastecimento nacional.

Outro fatores importantes a se considerar na elevação dos preços no varejo são custos de insumos, de energia e transporte. 

Por causa da disparada do preço da carne bovina, uma opção para a mesa do brasileiro passou a ser comer mais peixe e frango e consumir carne bovina menos vezes por mês. 

Outra saída que os consumidores têm encontrado é pesquisar em diferentes supermercados na tentativa de encontrar menores preços ou promoções.

Análise do governo e instituições

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), até a quarta semana de abril deste ano, as exportações da Agropecuária tiveram um crescimento de 10,7% e somaram 6,88 bilhões de dólares.

A expansão da exportação de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada atingiu 46,1%. 

Em março deste ano, a Agência Brasil informou que também há outros fatores que encarecem a carne, como o “ciclo do boi”, que provoca uma redução da oferta a cada cinco anos.

Além deste ciclo, a demanda de outros países também encarecem a carne. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), o volume de exportação da carne vem aumentando desde 2017, enquanto a produção nacional se manteve estável. 

Em 2017, a disponibilidade de carne bovina para consumo interno era de 39,9 kg/habitante, e esse valor caiu para 36,1 em 2023, menor índice desde 2013. 

De acordo com a análise feita pelo Ibre, as mudanças climáticas também vêm afetando a produção de carne e destaca o dano às pastagens causado pela forte seca em 2021. 

Impacto do tarifaço de Trump

A guerra comercial das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos contra inúmeros países e a retaliação da China, com taxas de 34% sobre os produtos americanos, devem mexer com o mercado global de carnes. 

De acordo com informações de analistas ao Valor Econômico, o crescimento da demanda chinesa pelas carnes do Brasil deve aumentar e provocar o aumento dos preços do produto no mercado interno, o que levará a uma inflação dos alimentos no país. 

Os Estados Unidos exportam carne bovina, suína e de frango para a China, mas com a taxa adicional chinesa sobre os produtos americanos, os produtos brasileiros se tornam mais competitivos no mercado internacional. 


Analista Fernando Iglesias comenta o crescimento das exportações de carne bovina (Reprodução/YouTube/AgroMais)

Para Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a carne suína do Brasil deve ocupar o espaço deixado pelos americanos no mercado chinês, mas a tendência é que a China também importe mais carne bovina e de frango do Brasil. 

A exportação do Brasil já tendia a ser recorde em 2025 e essa conjuntura mercadológica torna o quadro ainda mais favorável.

Fernando Iglesias, Safras & Mercado

A Safras prevê uma alta de 7% para as exportações de carne suína neste ano, de até 1,5 milhão de toneladas. A projeção para carne de frango é de 5,43 milhões de toneladas, o que representa alta de 5,24%, e para carne bovina, alta de 4,28 milhões de toneladas, relativo a um crescimento de 2,29%. 

O aumento das exportações impacta diretamente os preços domésticos. A tendência é que as exportações de carne continuem pressionando os índices de inflação no Brasil. 

Negociações comerciais com EUA são negadas pela China

O porta-voz do governo chinês, He Yadong, informou nesta quinta-feira (24) por meio de uma coletiva de imprensa, que não há acordos entre EUA e China relacionados à política tarifária de Donald Trump

Segundo Yadong as alegações do presidente americano em relação ao assunto, são inverídicas e pediu para o presidente Trump “ouvir as vozes racionais” ecoadas pela comunidade internacional. 

 He Yadong, funcionário do Ministério do Comércio, ressalta ainda, que a questão começará a ser resolvida quando os EUA suspender as tarifas impostas à China de forma unilateral. 

Negociações estagnadas 

Anteriormente o Ministério do Comércio da China, através de suas redes sociais, declarou que “para desatar um nó, ninguém é mais adequado do que aquele que o amarrou”, fazendo uma alusão de que foi o próprio governo americano o causador dessa situação.

Em uma sequência de publicações, o MOFCOM responde ao governo americano, informando que a China está aberta ao diálogo e que não houve negociações entre os países. 


Resposta do Ministério do Comércio da China ao governo Trump (Foto: reprodução/X/@MOFCOM_China)

Apesar do presidente Donald Trump alegar na data de ontem, quarta-feira (23) de que mantinha diálogos diários com o governo de Xi Jinping em busca de resolver o conflito tarifário entre os dois países, essa nova declaração chinesa aumenta as tensões econômicas em escala global, desestabilizando o mercado financeiro. 

Abertura comercial da China 

Enquanto não há um posicionamento definitivo sobre as políticas tarifárias impostas pelos EUA e como será resolvido o conflito com o país asiático,  o presidente chinês, Xi Jinping realiza acordos comerciais com diversos países. Seja na China ou diretamente em visita aos parceiros comerciais. 


Presidente chinês Xi Jinping em acordo comercial com o presidente queniano William Ruto e suas respectivas esposas (Foto: reprodução/Instagram/@maoning_mfa)


Recentemente, a fim de atrair investidores estrangeiros, a Agência Reguladora de Planejamento Estatal da China diminuiu o número de empresas restritas a atuar no país. A medida visa alavancar a economia nacional gerando renda e empregos ao povo chinês. 

Por meio de sua “Iniciativa Cinturão e Rota” o país asiático vem investindo bilhões de dólares em países em desenvolvimento, especialmente no Sul Global, a fim de expandir sua influência nesses países e, fortalecer acordos bilaterais e multilaterais. 

Trump afirma manter contato diário com a China em meio a tensões internacionais

O presidente americano Donald Trump, em entrevista a jornalistas na Casa Branca, na última quarta-feira (23), informou que seu contato com autoridades chinesas é diário e que mantém uma boa relação com o país asiático. 

A declaração de Trump ocorre em meio à guerra comercial deflagrada pelo governo americano após as tarifas impostas a dezenas de países em todos os continentes serem anunciadas. As taxas variam de 10% a 245%, sobre a importação de produtos diversos. 

No caso da China, a tarifa inicial era de 34%. Em meio às retaliações tarifárias entre EUA e China, atualmente as taxas impostas aos chineses pelos americanos podem chegar a até, 245%.

De acordo com um documento explicativo divulgado pelo Governo Trump recentemente, o aumento da taxa ao país asiático ocorre devido à soma tarifária aplicada pelos EUA à China. No caso, são 125% de tarifa recíproca, 20% relacionado à crise do fentanil e uma tarifa que varia de 7,5% a 100% sobre determinados produtos, relacionados à Seção 301  da Lei de Comércio Americana.

Apesar das conversas diárias com o governo de Xi Jinping, Donald Trump diz que as tarifas serão reduzidas, mas que não chegarão a zero e que, apesar de manter uma boa relação com o líder chinês, entende que a China possui um comércio “muito unilateral”. Ainda assim, espera chegar a um acordo ou definir um preço em breve. 

Respeito mútuo 

Apesar das declarações do presidente Donald Trump de que mantém conversas amistosas com o presidente chinês Xi Jinping diariamente, Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, vê a guerra tarifária entre os dois países com preocupação. 

Em declaração aberta, na data de ontem, quarta-feira (23), Bessent ressaltou que “America First” não significa “América sozinha ou isolada” e fez um apelo ao respeito e colaboração comercial entre os países. 

Ainda, segundo  Bessent, a China precisa mudar e sabe disso. Informando que os EUA estão dispostos a ajudar pois é necessário reequilíbrio. 


Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA em declaração no IIF (Vídeo: reprodução/X/@SecScottBessent)

Além de Bessent, Jerome Powell, presidente do Banco Central Americano (FED), também avalia que as políticas tarifárias de Donald Trump precisam de equilíbrio para não sobrecarregar o sistema financeiro do país. 

Resposta chinesa

 Enquanto os EUA estão otimistas com um possível acordo comercial e tarifário com a China, Lin Jian, Vice-diretor do Departamento de Informação do Ministério de Relações Exteriores da China, declarou em suas redes sociais que o Governo Trump estão “empurram as relações internacionais de volta para a lei da selva”. 

Para Jian, os EUA violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ao utilizar “tarifas como armas” e que a China, “não busca apenas os seus interesses”, mas  “as regras do sistema internacional”.  


Publicação de Lin Jian sobre a política tarifária de Donald Trump (Foto: reprodução/X/@SpoxCHN_LinJian)

Em outra publicação, Lin Jian, declara que os EUA perderam o apoio popular, isolando-se da comunidade internacional e que os países precisam se unir para defender o multilateralismo e as boas relações comerciais. 

Em meio a guerra comercial entre EUA e China, o presidente Xi Jinping anunciou a flexibilização tarifária à investidores estrangeiros de diversos setores visando o fortalecimento do comércio interno e do setor industrial chinês.

Fim da isenção de impostos de importação faz fornecedores da Shein encerrarem atividades na China

Mais um episódio da guerra comercial entre Estados Unidos e China se configura para as próximas semanas. Agora, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende retirar a isenção de impostos de importação sobre produtos fabricados na China até o valor de US$ 800,00. Na prática, varejistas de vestuários como a Shein devem ter seus produtos encarecidos em remessas enviadas aos Estados Unidos. 

Empresas chinesas deste porte, são conhecidas por suas produções em preços acessíveis e na maioria das vezes, com valores mais baixos que os varejistas estadunidenses, fato que levou consumidores norte-americanos a investirem maciçamente na compra destes produtos e, desta forma, impulsionados pelas redes sociais, terem a China como seu principal fornecedor de vestuários.


Compras da Shein (Foto: reprodução/Rodrigo Arangua/Getty images embed)


A decisão de Trump em acabar com a isenção de impostos de importação já causa reflexos em fornecedores chineses de fast-fashion que vêm encerrando suas atividades por conta da baixa procura. Alguns empresários, inclusive, passaram a negociar seus produtos em redes sociais e outros a migrarem sua produção para o Vietnã. As dificuldades afetam fabricantes em cidades como Panyu e Donggnuan.

A varejista Shein já anunciou que manterá os valores de seus produtos até dia 25 de abril e incentivou que consumidores façam suas compras para aproveitar os valores baixos, mas declarou estar empenhada em encontrar formas para melhorar a experiência do cliente, mantendo seus valores acessíveis a todos. 

Negócios com o Japão e Singapura


Singapura (Foto: reprodução/Clive Rose/Getty images embed)


Como forma de minimizar os prejuízos e evitar fechamentos de pequenos negócios, uma das táticas adotadas por fornecedores chineses é a de criar possibilidades de negociação com países mais próximos, como Japão e Singapura. Tal medida facilitaria a venda e a entrega, considerando o valor de remessa mais acessível por conta da distância.

Entenda como funciona a Isenção de impostos de importação

A isenção de impostos de importação é um benefício fiscal que permite que mercadorias de parceiros comerciais entrem no país sem a cobrança de impostos. 

No Brasil, as isenções costumam ser aplicadas sobre importações por pessoas físicas até determinados valores. Normalmente, este valor é de US$ 50,00, incidindo uma alíquota sobre produtos que ultrapassarem este valor.

Também ocorre isenção sobre produtos considerados essenciais, como medicamentos, livros e equipamentos médicos, bem como sobre produtos oriundos de países cuja união realizou acordos comerciais.

Ainda assim, alguns produtos possuem regras específicas, como eletrônicos, que são taxados a partir de US$ 50,00.