Anvisa proíbe importação, fabricação e venda de “canetas emagrecedoras” sem registro

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou as restrições a medicamentos classificados como “canetas emagrecedoras”, determinando o bloqueio imediato de fabricação, importação, venda, distribuição e propaganda de produtos que não possuem registro sanitário no país. A medida foi tomada após a identificação de circulação irregular e alegações terapêuticas proibidas.

A Anvisa destacou oficialmente os cinco produtos proibidos, são eles: T.G. 5, Lipoless, Lipoless Eticos, Tirzazep Royal Pharmaceuticals e T.G. Indufar. Essas marcas, segundo a agência, não passaram por avaliação de qualidade, segurança e eficácia, tornando-se inadequadas para uso e comercialização no Brasil. A lista consta nas resoluções publicadas nesta semana, cada uma delas determinando o recolhimento e a interdição imediata.

O consumo sem acompanhamento pode causar efeitos adversos

No comunicado, a Anvisa afirma que os produtos eram vendidos principalmente pela internet, em sites sem autorização sanitária e com forte apelo comercial relacionado ao emagrecimento rápido, prática considerada propaganda irregular. A agência alerta que medicamentos sem registro não têm origem comprovada nem garantia de fabricação adequada.

A decisão reforça que agonistas de GLP-1, usados para tratamento de diabetes e, em alguns casos, obesidade, são medicamentos de uso controlado e exigem prescrição médica com retenção de receita. Segundo especialistas, o consumo sem acompanhamento pode causar efeitos adversos, interações medicamentosas e riscos especialmente elevados em pessoas com condições crônicas.

Consumidores evitem supostas “canetas milagrosas”

A Anvisa também relatou indícios de desvio de uso e manipulação inadequada das substâncias proibidas, o que compromete ainda mais a segurança do consumidor. Produtos irregulares, além de ilegais, podem conter dosagens incorretas ou ingredientes não declarados.

A agência recomenda que consumidores evitem supostas “canetas milagrosas” e desconfiem de preços muito baixos ou de lojas fora dos canais autorizados.


Anvisa proibe e alerta sobre o uso de “canetas emagrecedoras” sem registro (Foto: reprodução/Instagram/@anvisaoficial)


O órgão reforça que qualquer descumprimento à resolução pode resultar em apreensão de produtos e penalidades previstas em lei. As empresas responsáveis pelos itens proibidos não responderam aos pedidos de posicionamento. Enquanto isso, a Anvisa continua monitorando o mercado e ampliando esforços para impedir a circulação desses produtos no país.

Trump anuncia tarifas de até 100% sobre importações para proteger indústria e empregos nos EUA

O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (25) que os Estados Unidos vão aumentar impostos sobre diversos produtos importados a partir de 1º de outubro. A medida inclui medicamentos, caminhões pesados, móveis, além de armários e gabinetes de cozinha e banheiro.

Segundo Trump, a decisão tem como objetivo proteger as indústrias locais, que estariam sofrendo com o grande volume de produtos vindos de fora. Ele também justificou a iniciativa como uma questão de “segurança nacional”.

As tarifas terão percentuais diferentes. Para os caminhões pesados, será aplicada taxa de 25%. No caso de móveis e estofados, o imposto ficará em 30%. Já para armários de cozinha e gabinetes de banheiro, a cobrança sobe para 50%. O impacto maior será nos medicamentos importados, que terão tarifa de 100%.

Detalhes sobre as tarifas

No caso dos produtos farmacêuticos, Trump destacou que não haverá cobrança caso a empresa esteja construindo fábricas dentro do território americano. Mesmo assim, a decisão gerou forte reação no setor. A associação que reúne fabricantes de remédios nos EUA afirmou que a medida pode trazer prejuízos e encarecer os custos.

As tarifas sobre caminhões também chamaram atenção. Os EUA importam grande parte desses veículos do México, que triplicou suas vendas desde 2019. Montadoras como Stellantis, responsável pela linha Ram, e a sueca Volvo, que está construindo uma fábrica no México, podem ser diretamente impactadas. A justificativa do republicano é fortalecer as marcas locais, como Peterbilt e Kenworth, evitando que caminhoneiros dependam de veículos fabricados fora do país.

No setor de móveis e artigos domésticos, Trump afirmou que os Estados Unidos enfrentam uma verdadeira “inundação” de produtos importados e que era preciso frear essa concorrência. Para ele, a entrada em excesso desses itens representa uma ameaça ao processo de manufatura americano. Além do aspecto econômico, o ex-presidente alegou novamente razões ligadas à segurança nacional. A ideia é incentivar a produção local e garantir mais empregos dentro do país.

O anúncio teve impacto imediato nos mercados internacionais, sobretudo nas bolsas da Ásia e da Europa. Empresas farmacêuticas de grande porte registraram quedas em suas ações, já que muitas delas dependem da exportação para os EUA. Em contrapartida, companhias que já investem em fábricas no território americano reagiram melhor à notícia. Esse movimento mostrou como a nova política pode favorecer quem apostar no mercado interno.


Anuncio de Trump nas redes sociais sobre as novas tafiras (Foto: reprodução/X/@KobeissiLetter)


Europa preocupada com ações de Trump

O Reino Unido e a União Europeia já sinalizaram preocupação e pretendem pressionar os EUA para rever parte das tarifas. Governos europeus ressaltam que o setor farmacêutico é vital para suas economias e que medidas desse tipo podem prejudicar a parceria entre os blocos. Alguns países, como o Reino Unido, reforçaram que continuarão negociando com Washington em busca de acordos mais equilibrados. A expectativa é de que o tema se torne pauta importante nas próximas reuniões bilaterais.


Carta de Donald Trump repudiando posicionamento das Nações Unidas (Foto: reprodução/X/@WhiteHouse)


Trump, no entanto, reforçou que continuará utilizando a lei que permite impor taxas sem aprovação do Congresso quando julgar que importações representam riscos à segurança nacional. Essa estratégia já foi adotada anteriormente em setores como aço e alumínio, o que gerou disputas judiciais.

Agora, o tema volta ao centro do debate político nos EUA, com a Suprema Corte analisando até que ponto o presidente pode agir sem aval parlamentar. Para Trump, porém, essa é uma medida necessária para proteger empregos e garantir autonomia produtiva ao país.

União Europeia retira suspensão e reconhece Brasil como livre da gripe aviária

A União Europeia reconheceu o Brasil como livre da gripe aviária e liberou novamente a importação de carne de frango brasileira. A decisão, divulgada nesta quinta-feira (4) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, reforça o peso da República Federativa do Brasil como maior exportador mundial do produto.

Atualmente, o bloco europeu ocupa a sétima posição entre os maiores compradores de frango brasileiro. Com essa medida, a China se torna o único grande mercado que ainda mantém restrição total às exportações vindas do Brasil.

Retomada impulsiona mercado brasileiro

O Brasil declarou-se livre da gripe aviária em 18 de junho, após 28 dias sem novos registros da doença em granjas. Assim, o marco foi possível depois da desinfecção completa na unidade de Montenegro (RS), onde ocorreu o primeiro e único foco do vírus em aves comerciais.

Portanto, com a decisão europeia, o setor avícola brasileiro projeta forte recuperação no mercado. Além da União Europeia, outros 16 países já tinham retomado a compra de carne de frango do Brasil, entre eles o Japão, terceiro maior importador, e o Iraque, nono maior destino.

Restrições em alguns mercados internacionais

Apesar do avanço, cinco países ainda mantêm bloqueio às exportações de frango de todo o território brasileiro: Canadá, China, Malásia, Paquistão e Timor-Leste. Desse modo, outros impõem restrições apenas ao Rio Grande do Sul ou a regiões específicas.


Países retiram restrições de carne de frango brasileira (Vídeo: reprodução/YouTube/Record News)

Paralelamente, o Brasil avança em medidas de prevenção. O Instituto Butantan, com autorização da Anvisa, iniciou em julho os testes clínicos da primeira vacina contra a gripe aviária desenvolvida em solo brasileiro. O estudo acompanhará voluntários por sete meses e avaliará a segurança e eficácia da imunização.

Em suma, a decisão europeia fortalece a posição brasileira no mercado internacional e abre caminho para novas negociações comerciais. Agora, o Brasil retoma as atividades, tanto no mercado quanto no combate à gripe aviária.

México supera EUA e vira segundo maior comprador da carne bovina brasileira

As exportações de carne bovina do Brasil bateram recorde em junho e mudaram a posição dos principais compradores do produto. Ao passo que houve um avanço de 420% nas importações mexicanas desde janeiro, o México ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se o segundo maior destino da carne brasileira.

Diante disso, foram 16,1 mil toneladas enviadas no semestre, do contrário aos 3,1 mil no mesmo período do ano passado. Atualmente, o cenário transita em meio à forte redução das vendas para os norte-americanos. Desde abril, quando o presidente Donald Trump anunciou tarifas de 10% sobre importações, as compras caíram gradualmente. Em junho, após o aumento da tarifa para 50%, o volume exportado aos EUA despencou 67% em relação a abril.

Aumento expressivo no mercado mexicano

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou que o Brasil exportou 241 mil toneladas de carne bovina em junho, movimentando US$ 1,3 bilhão. Ocasionalmente, o crescimento para o México surtiu um valor de US$ 15,5 milhões para US$ 89,3 milhões no semestre. Por outro lado, a China segue como a principal parceira, com 134,4 mil toneladas importadas no mesmo mês.


Brasil fez exportação bilionário ao México em 2024 (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Enquanto o México amplia as compras, os produtores brasileiros enfrentam desafios com o mercado norte-americano. Diante do tarifaço imposto por Trump, houve a interrupção de cerca de 30 mil toneladas do produto que seguiriam aos EUA, conforme análise da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Efeitos internos e perspectiva do setor

O crescimento da demanda externa tem pressionado os preços no mercado interno. Desde setembro de 2024, o valor da carne bovina nos supermercados brasileiros registra uma alta constante. Com isso, a menor oferta global impulsiona as exportações brasileiras e reforça a liderança do país na produção mundial.

O cenário faz com que empresas como JBS e Marfrig busquem negociar a redução das tarifas norte-americanas. Enquanto isso, produtores veem no México e na China boas alternativas para compensar as perdas no comércio com os Estados Unidos e cessar a guerra comercial.

Tarifas dos EUA afetam mercados e derrubam bolsas globais

Os mercados globais encerraram o dia em queda depois que os Estados Unidos anunciaram novas tarifas sobre produtos importados de vários países. As taxas, determinadas pelo presidente Donald Trump, variam conforme o país e geraram respostas diferentes ao redor do mundo.

No Camboja, a notícia trouxe certo alívio em comparação à expectativa inicial. O governo local temia que o imposto fosse de 49%, mas o valor final foi de 19%. Autoridades afirmam que isso pode evitar uma crise mais grave no setor de vestuário e calçados. Trabalhadores do ramo reconhecem que terão de aumentar o ritmo de produção, mas esperam que as fábricas mantenham os postos de trabalho e ofereçam mais horas extras.

Na Austrália, a reação também foi positiva. O país conseguiu manter a tarifa no patamar mínimo, de 10%. Segundo o ministro do Comércio, o resultado foi fruto de negociações cuidadosas e discretas. O Reino Unido seguiu caminho semelhante e fechou acordo para pagar o mesmo percentual. Já a União Europeia, como bloco, terá de lidar com uma tarifa de 15%.

Aumento expressivo para alguns parceiros

Outros países receberam percentuais bem mais altos. A África do Sul, por exemplo, foi o mais impactado do continente africano, com tarifa de 30%. O presidente Cyril Ramaphosa disse que o governo continuará buscando alternativas diplomáticas para preservar seus interesses.


Trump eleva tarifas e pressiona países a negociar (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Na Suíça, o imposto de 39% desagradou o setor industrial. Representantes da engenharia mecânica e elétrica afirmam que não há lógica na medida, já que o país não aplica tarifas aos produtos americanos. O governo local teme impacto especial na produção dos famosos relógios suíços.

Repercussão nos mercados e negociações em andamento

As bolsas europeias registraram o menor nível das últimas três semanas, e o mercado americano também fechou em baixa. No Brasil, o Ibovespa caiu cerca de 0,5%, enquanto o dólar recuou para R$ 5,54.

Enquanto isso, seguem as negociações entre Washington e Pequim. O prazo para um entendimento termina em 12 de agosto. A China reforça que disputas tarifárias não beneficiam nenhum lado e lembra que os Estados Unidos dependem de minerais raros produzidos em seu território, insumos essenciais para tecnologia, veículos e armamentos.

Autoridades relatam que gripe aviária foi contida na cidade gaúcha de Montenegro

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, relatou recentemente para a imprensa que o foco da gripe aviária em Montenegro (RS) já foi controlado e que a doença não se espalhou para outros recintos ao redor da granja. A declaração foi feita nesta quarta-feira (4), a resposta veio após um período de receios de que a gripe aviária pudesse se alastrar na região.

Entenda o caso

O ocorrido aconteceu três semanas após o primeiro caso ser noticiado em uma granja comercial da região. Foi no ano de 2023 que a gripe aviaria atingiu o território brasileiro, porém até o mês de maio deste ano apenas tinha atingido aves de criação doméstica e aves selvagens, atingindo a avicultura comercial apenas recentemente.


O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz que gripe aviária foi contida no RS (Foto: reprodução/X/@agenciabrasil)

Depois da notificação do caso de gripo aviaria em Montenegro, apareceram três casos com suspeita da doença em Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO) e Anta Gorda (RS). Os casos ainda não foram confirmados pelas autoridades e seguem em investigação.

Exportações prejudicadas

Países que importavam a carne de frango do Brasil, chegaram até mesmo barrar a compra com origem brasileira, com uma recente retomada nas negociações e volta da compra da carne brasileira. A China, que é a principal compradora da carne de frango no Brasil, suspendeu sua importação, juntamente com outros países que fazem parte da União Europeia.

Já o caso de outros países como, Emirados Árabes Unidos e Japão apenas suspenderam a importação de frango vindo da apenas da cidade gaúcha de Montenegro, continuando em comprando de lugares que não foram afetados pela doença. Os dois países são respectivamente o segundo e o terceiro maior comprador de carne de frango do Brasil.

Oficialmente, o Brasil apenas pode se declarar como livre da gripe aviaria em 18 de junho, correspondendo aos 28 dias que começaram a ser contados ainda em maio. Este período é nomeado como vazio sanitário e corresponde ao ciclo do vírus H5N1.

Trump eleva tarifas sobre aço e alumínio para 50% e agita mercados globais

Nesta segunda-feira (2), os preços do aço e do alumínio registraram forte alta nos Estados Unidos, impulsionados pelo anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre a elevação das tarifas de importação desses metais para 50%. A decisão, revelada na última sexta-feira (30), causou um efeito imediato nos mercados globais e intensificou as tensões da já delicada guerra comercial em curso. As novas tarifas devem entrar em vigor no dia 4 de junho, segundo o comunicado oficial.

Justificativa de Trump

A medida foi justificada por Trump como uma resposta à suposta quebra de acordo por parte da China, que, segundo ele, descumpriu promessas de reduzir barreiras comerciais e restrições à exportação de minerais essenciais. O impacto da declaração não demorou a ser sentido: enquanto os preços dos metais disparavam nos EUA, as ações de siderúrgicas internacionais, especialmente na Europa e Ásia, apresentaram quedas expressivas.


Foto de rolos de alumínio (Foto: reprodução/X/@g1)

Atualmente, os Estados Unidos são o maior importador mundial de aço fora da União Europeia, com cerca de 26,2 milhões de toneladas adquiridas ao longo de 2024, conforme dados do Departamento de Comércio. Especialistas do setor, porém, veem com ceticismo a real aplicação das tarifas nos moldes anunciados. Muitos lembram que o ex-presidente já recuou de decisões similares no passado, o que mantém o mercado em alerta e em estado de incerteza.

Possíveis consequências

Eoin Dinsmore, analista do Goldman Sachs, alertou que a alta nos preços pode agravar ainda mais o cenário da indústria norte-americana, que já sofre com uma demanda enfraquecida. Ele acredita que os custos maiores deverão pesar negativamente sobre o setor industrial, que pode se retrair ainda mais ao longo do ano.

No mercado físico norte-americano, o alumínio apresentou um salto de 54% nos preços, enquanto o aço em bobina laminada teve um aumento de 5%. A Europa, que destina aproximadamente 20% de suas exportações de aço fora da UE aos EUA, poderá ser uma das regiões mais afetadas.

Apesar da controvérsia, produtores norte-americanos de alumínio celebraram a medida. Mark Duffy, presidente da Associação de Alumínio Primário dos EUA, declarou que as tarifas são uma forma de combater décadas de concorrência desleal promovida por produtores estrangeiros subsidiados.

Já na Bolsa, as ações de empresas siderúrgicas americanas registraram ganhos significativos no pré-mercado. Nucor, Cleveland-Cliffs e Steel Dynamics avançaram entre 14% e 26%, refletindo o otimismo entre os produtores domésticos diante da nova política tarifária.

Tarifaço e comércio com EUA, Brasil importou mais do que exportou

Os processos comerciais entre Brasil e Estados Unidos bateram o recorde desde o início da promulgação das tarifas pelo presidente estadunidense, Donald Trump. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (14) pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil).

Conflito tarifário

O fato inusitado ocorreu em um momento em que as tensões globais envolvendo a estrutura comercial entre as nações chegou em seu ápice, com a ascensão da nova política tarifária de Trump para inclusive países aliados aos EUA. O Brasil que possui um histórico muito próximo ao país norte americano, caminhou na contramão ao resto do mundo.

Segundo o “Monitor do Comércio Brasil-EUA”, que é publicado pela Amcham, a medida do comércio alcançou US$20 bilhões entre janeiro e março de 2025. Esse é o maior valor já registrado para esse período desde o início da série histórica, representando um crescimento de 6,6% em comparação ao mesmo trimestre de 2024.


Presidente Lula comenta sobre politicas tarifarias dos EUA (Vídeo: reprodução/X/@LulaOficial)

Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), dados sobre as exportações brasileiras para os EUA somaram US$9,65 bilhões no início do ano, ao mesmo tempo em que as importações foram totalizadas como US$10,3 bilhões.

Comércio Brasil e EUA

A concentração do tarifaço de Trump na economia brasileira foi direcionada ao setor do aço e alumínio, dificultando assim a comercialização do produto brasileiro em solo estadunidense. Segundo Herlon Brandão, é possível que a decisão dos EUA de aumentar as tarifas de aço e alumínio, que inclui produtos brasileiros, tenha impactado o resultado da balança comercial de março.

Donald Trump anunciou na semana anterior que as tarifas são direcionadas a nações que, segundo a Casa Branca, “roubam” os EUA em termos comerciais. Os produtos do Brasil foram taxados com a menor taxa, com apenas 10%, diferentemente de países como China, Canadá e Vietnã. 

Governo retira impostos sobre alimentos para tentar reduzir preços

O governo federal anunciou novas ações para tentar conter a alta dos preços dos alimentos. A principal medida será a retirada do imposto de importação sobre uma série de itens alimentícios. A expectativa é que a redução de custos para importadores aumente a oferta desses produtos no mercado nacional, o que pode, eventualmente, resultar na queda de preços.

Produtos com isenção de impostos

Durante o anúncio das novas medidas, realizado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, foi revelada uma lista de produtos que terão o imposto de importação zerado. Os itens contemplados incluem:

  • Óleo de girassol (atualmente com alíquota de 9%)
  • Azeite de oliva (atualmente com alíquota de 9%)
  • Sardinha (atualmente com alíquota de 32%)
  • Biscoitos (atualmente com alíquota de 16%)
  • Café (atualmente com alíquota de 19%)
  • Carnes (atualmente com alíquota de 10,8%)
  • Açúcar (atualmente com alíquota de 14%)
  • Milho (atualmente com alíquota de 7,2%)
  • Massas e macarrão (atualmente com alíquota de 14,4%)

A carne atualmente com alíquota de 10,8% (Foto: Reprodução/SuperHiper)


Além da isenção dos impostos sobre as importações, o governo também anunciou outras medidas que visam aliviar os custos no varejo de alimentos. Entre elas estão a flexibilização da fiscalização sanitária e o fortalecimento dos estoques reguladores, que são reservas de alimentos comprados pelo governo quando os preços estão baixos.

Outras iniciativas incluem um incentivo à publicidade sobre os melhores preços nos supermercados, por meio de parcerias com atacadistas. O governo também pretende incluir os alimentos da cesta básica no Plano Safra, priorizando a produção e a distribuição desses itens.

Por fim, um apelo foi feito aos governadores para reduzir o ICMS sobre a cesta básica, que, em alguns estados, ainda pode incidir sobre certos produtos, apesar da isenção concedida pelo governo federal.

Especialistas analisam os efeitos das medidas

Embora as medidas tenham sido recebidas com cautela, especialistas apontam que o impacto será limitado. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, acredita que a isenção de impostos sobre alimentos amplamente produzidos no Brasil, como café e carnes, terá um efeito mais simbólico do que real. “Para setores que produzem muito no mercado doméstico, zerar a alíquota de importação é mais uma questão de marketing do que real impacto”, avalia.

Já a economista Juliana Inhasz, professora do Insper, concorda que as medidas podem proporcionar um alívio momentâneo, mas não resolverão os problemas estruturais que afetam a formação dos preços dos alimentos. “São medidas que podem ser efetivas no curto prazo, trazem um alívio pequeno. Mas não resolvem o problema em si, que são de taxa de câmbio mais alta, pressões que vêm de oferta menor aqui e lá fora. Ou seja, não são medidas que perdurarão muito tempo se não atacarem os problemas em si”, afirma.

Posicionamento do setor empresarial

Por outro lado, o setor empresarial vê as medidas com um olhar mais positivo. Evandro Gussi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), acredita que a isenção de impostos sobre produtos já importados terá impacto imediato:

“A expectativa é de queda dos preços. Foram analisados produtos em que o Brasil é tão ou mais competitivo do que já é, e produtos que não produzimos aqui, importamos, e mesmo assim vem com tarifa. Neste caso, é óbvio que os produtos ficarão mais baratos. Os outros, que ainda não temos fluxo comercial (de importação), vamos ter que analisar o comportamento. Como ainda não temos séries históricas desses produtos, não conseguimos dizer, mas é uma tentativa séria e estudada. É momento de união, para termos mais competitividade, para benefício do consumidor.”

Rodrigo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirmou que as medidas foram discutidas com o setor e que a entrada de produtos importados não representa riscos para os produtos nacionais. Para ele, a medida será benéfica para reduzir os preços e beneficiar o consumidor.

Por fim, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), também apoiou a redução do imposto sobre carnes e insumos, como o milho. Ele prevê que a medida pode resultar em uma queda de até 10% no preço da carne bovina.

Expectativas para o futuro

Embora algumas medidas do governo gerem otimismo em determinados setores, os especialistas alertam para um impacto restrito no curto prazo. O sucesso dessas ações dependerá da evolução de fatores como a oferta de alimentos e das condições econômicas globais.

Novas tarifas de Trump trará retaliações e pode prejudicar os EUA

As tarifas oficializadas pelos EUA irão atingir o México, Canadá e China, mas irão prejudicar os próprios estadunidenses. Embora as medidas sejam impostas como uma suposta forma de proteger a economia nacional, especialistas alertam que o chamado “efeito máquina de lavar” pode acabar pesando no bolso dos consumidores e das empresas dos EUA.

O presidente Donald Trump determinou a aplicação de tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, além de uma taxa de 10% para mercadorias chinesas. Segundo o governo, a imposição das tarifas é uma luta contra a ameaça de imigrantes ilegais e drogas.

Respostas dos outros países 


Retaliações de países atingidos pela decisão de Trump (Foto: reprodução/Instagram/@cnnpolitica)


A decisão de Trump gerou retaliações. Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, anunciou que devolverá as tarifas de 25% sobre os produtos vindos dos EUA. Trudeau afirmou que as tarifas irão afetar o país do mesmo jeito. Itens que vão sofrer com a decisão vão ser, por exemplo, bebidas alcoólicas, frutas, roupas e eletrodomésticos.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, se manifestou em revolta contra as alegações do governo americano. Em um comunicado oficial, ela anunciou que medidas econômicas também estão sendo preparadas como resposta. 

Rejeitamos categoricamente a calúnia que a Casa Branca faz contra o governo do México de ter alianças com organizações criminosas, bem como qualquer intenção intervencionista em nosso território.

Claudia Sheinbaum

O governo chinês declarou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas impostas por Trump e afirmou que tomará medidas para defender os interesses e direitos de sua população.

Uma guerra comercial

A imposição dessas tarifas levanta muitas preocupações, pois podem levar a um novo conflito comercial. Essa disputa pode gerar impactos negativos não apenas para os países diretamente envolvidos, mas para uma economia global. Se esse cenário se intensificar, os próprios Estados Unidos poderão enfrentar dificuldades econômicas, especialmente pela retaliação de todos países que serão atingidos.